O menino que sabia das coisas (parte 2)

No dia seguinte, o garoto leu no jornal da cidade uma pequena crônica sobre o acontecido. Suas plumas inspiraram a poesia em trechos corridos das folhas do dia. Ele sentiu que sua missão que nunca aceitara foi concluída. Ele não sabia, mas naquele momento ele teve um poder muito grande em suas mãos. Foi então que ele decidiu ir à biblioteca do colégio. Foram dias e dias entre os clássicos da literatura. O garoto consumia as obras desvairadamente, sem perceber as sensações de seu próprio corpo. Ele estava no estado de nirvana.

Ele era um anjo, mas não sabia disso. Um anjo que não entendera a situação do mundo, tampouco a situação das pessoas. Pessoas desesperadas por amor, que cometem os erros mais cruéis ao tentarem serem correspondidas... Ele apenas estava feliz e com vontade de fazer algo a mais. Após duas semanas, o garoto recortara tantas frases dos livros que aquela biblioteca iria ficar conhecida no futuro como o lugar dos textos sem belas mensagens. Todas estavam nas mãos do pequeno e solitário garoto.

Uma a uma... voaram com o vento do telhado do outro prédio. Dessa vez, além do barulho da sociedade desvairada e do vento gélido a colher os pedidos alheios, havia o inigualável cheiro das palavras. Palavras que voaram para longe, com a luz do dia se esvaecendo. Ele sorriu e desta vez não havia mais o sangue a tocar as plumas nem as palavras.

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