O Diário de Teegoh – Semana 31

Viver em Paris é esquecer as origens. Esta cidade cheira à boemia e a erudição. Busco ambos. Mas, nem sempre é fácil guardar as roupas de uma guerra. Por mais que elas fiquem no fundo de um baú, há sempre a sensação do se poder sentir o cheiro de lama e sangue impregnado em suas ancas. Mas, a imagem de um pesadelo não se consiste nas lembranças dos cheiros. Ela se forma naqueles que continuam a andar e usam os melhores perfumes. Os olhos de Tobias brincam com minha sorte ao julgar-me impiedosamente.

Contudo, hoje o dia está mais para atitudes do que para lembranças. Porém o olhar daquela menina no quadro é perturbador também. Hoje não mais sei se é de fato uma menina ou um garoto. Ela (ou ele) é um tanto quanto andrógino... parece um anjo, que avistou a morte... Frente a morte, somos todos iguais. Somos todos iguais mesmo? Somos talvez todos iguais por sermos todos diferentes. Enfim, fazia tempo que não me sentia instigado a desvendar um olhar... isso, na verdade, só aconteceu uma vez... um olhar que nunca mais o vi.

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