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Mostrando postagens de 2017

Simplesmente juntos - uma versão esquizofrênica

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Você foi meu melhor amigo, um verdadeiro companheiro. Prometemos cuidar um do outro e eu acreditei ser possível. Mas, de repente, você fechou as portas do teu abismo particular E eu não consigo mais entrar para estar do seu lado. Toda essa angustia me surpreende, e tento fazer diferente Mas tenho a sensação de nadar cada vez mais para longe de você. Imaginei que nossas diferenças de geração seria apenas uma Ponte agradável de se atravessar e aproveitar o lado bom de cada um. Eu pensei que seríamos simplesmente juntos E que felizes traçaríamos nossas vidas Eu pensei que seriamos honestamente preciosos E que os limites seriam apenas cotidianos desafios Mas eu estava tristemente enganado. Você foi algo além do tangível às palavras, quando me apaixonei Pelas tuas possibilidades praticamente inesgotáveis de me admirar. Eu me lembro do teu esforço em se encontrar para então ser simples. Com você eu reencontrei meu Deus interior e ele era bondoso. Essa sensação de perda m

Sobre o domador encurralado

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Tenho recolhido pequenas migalhas de reconhecimento. Como um desamparado sem teto, cuja única certeza foi ter perdido todas as certezas de ser quem queria ser na medida em que deixei que os outros ditassem a minha própria felicidade. Sou o contrário do existir. Fico as margens, e me saboreio das partículas de alegria postadas diariamente pelos meus conhecidos e outros tantos que tenho só posso ter uma certeza: nunca os verei pessoalmente. Pois os acasos dos encontros não estão na minha agenda de realidade. Querem me ensinar como devo abraçar... E recolho também sorrisos de aceitação. Mesmo que eles venham cheios de espinhos. A cada “o que você é? ” “Porque não está falando com fulano? ” “Aconteceu alguma coisa? ”, minha reação é encher as pessoas de tudo o que elas precisam para, no fundo, elas esquecerem que eu existo. Fico me perguntando quantas vezes sou questionado por fins de vaidade ou um modo ardiloso e mascarado de proferir inveja e preconceito. Parece que a porta

Pequenos fracassos

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Mesmo que se eu juntasse a minha mão junto a tua, e nossas ideias se alinhassem e nossas vontades se tornassem as mesmas, mesmo que tudo isso acontecesse em apenas o infinito de um instante. O espaço vazio que existe entre nós ainda seria a morada onde eu retornaria como meu porto de acalanto.  Não existe qualquer possibilidade de sermos aquilo que nunca fomos um para o outro. Creio ter superado isso, mesmo ainda sentindo o ranço sabor das memórias que nunca pude construir. Mas não seria possível ser algo novo? A dor que me fiz sentir quando me despejou palavras de descaso tornaram-se resquícios de uma mágoa craquelada, disforme, sem brilho...sem nada. Teria me tornado um vazo corroído pela necessidade do orgulho que, com o sal das marés e ventos, esculpiram lentamente a minha alma em múltiplos formatos de amargura? E, se em um momento fui vitimado pelas tuas esquizofrenias do sentir, não teria sido eu aquele quem escolhera tomar o veneno do rancor? A misericórdia que me m

Sobre o cotidiano

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Nem toda manhã nasce para tormentas de nós mesmos, pois eventualmente buscamos novas chances em caixas velhas. Já não compactuo com a idade da imortalidade, tampouco busco qualquer elixir milagroso. Talvez seja também um erro suportar qualquer possibilidade de uma nova perspectiva de um olhar que está tão preso nos arautos do momento, cuja única perspectiva é ser um ininterrupto desmoronamento. E nesta manhã eu tentei buscar alento nas tuas palavras, como alguém que acredita nas miragens do deserto. Queria lhe dizer coisas sobre a vida ou buscar a migalha que falta para vislumbrar um sim dentro de tantas incertezas. Mas você me deu mais de você, em generosas doses de ressentimento que talvez você só lembrará o motivo vil ao ler esse texto. Não tenho nenhum elixir da boa vida. Tampouco carrego na minha bolsa o cálice sagrado que seria capaz de unir todos os povos. Queria poder lhe dar um livro com todas as respostas da vida, mas este presente seria totalmente inútil para alguém

Em busca de um lar para o discordante

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Num primeiro instante, daqueles fúlgidos lapsos entre o palpável e o que se imaginou ter sido, percebia apenas o infinito do vazio cavado entre minhas fronteiras. Não me assustava a vertigem de olhar para trás ou a embriagues das possibilidades, apenas tive a reação de caminhar para fora e bem longe das tuas intemperanças. A necessidade se tornou desejo e embarquei no vazio do instante, mesmo já tendo como vindouro o inverno como os seus sinais perturbadores. As primeiras gotas do desespero posaram nas maças do meu rosto, enquanto meu corpo entendia que os espasmos era a única realidade possível ao se deparar com as agressões veladas. Neste planeta que confundem com a minha existência, todas as fontes que alimentavam as projeções de boa aventurança se extinguiram abruptamente, mas isso não aconteceu por vontade da coragem ou ímpeto da ira. Afinal, um descontinuado carrega em si a relíquia de honrar promessas, mesmo quando elas não valem nada. O mais difícil dos passos dessa jorna

Estragos, destruições e consequências

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E quando eu pensei que já havia superado tudo isso e que poderia finalmente baixar minha guarda e viver da segurança que inventei. Eu poderia ser aquilo que supostamente eu devia ser e plantar as sementes de felicidade que me prometeram. Tinha certeza de que minha tendência exagerada em auto humilhação havia desaparecido e agora eu poderia ser o que eu supostamente devia ser, isento de qualquer culpa. E meu orgulho havia dado lugar para a serenidade de uma imparcialidade fabricada. Eu estava envaidecido pela necessidade de ser melhor e as reações de uma subida vontade me seduziram para a sua pista de dança. Aos poucos, me vi escorregando novamente nas reações e consequências das minhas escolhas teimosas. Mas agora não tenho mais defesas e estou disposto a tirar qualquer truque possível dessa situação que estou. Pois sinto que quando eu quis ser cumplicidade e apoio, talvez nunca eu fui, e me transformei uma pilha de estragos. Na sua frente eu fico reduzido apenas às mi

O Gosto do Sal

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Da porta invisível que separa o seu quarto do mundo pode não ser mais do que algumas polegadas que projetam aquilo que pensa que você é. Seguro você pensa estar. Pois se mantém no anonimato dos números, assim como na frieza dos infinitos corações que ganha ao mostrar rotineiramente o auto abuso que faz de sua intimidade. Dilacere, compare, comprime, escolhe e elimine os retratos de sua parede! Afinal, as estações requerem o frescor de novas cores, e você as têm. Desse modo, meneia o ainda lhe resta de amor próprio e constrói um cotidiano entre a necessidade de um enxoval novo e o sonho de um príncipe encantado. Tuas estridentes palavras corroem os restos das possibilidades, pois você não aguenta o peso de ser quem é. Pelo menos, ainda não consegue ver nada além de uma miragem à frente. Você está no deserto de cinzas das coisas que deixou para traz. E tudo isso para se perceber infinitamente órfão e só neste teu quarto invisível. Mas tua alma queima no sol de um amanhã que

Das coisas que costumamos guardar e nunca confessar.

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Sou o bibelô que enfeita tua galeria de possibilidades para ilustrar um senso de vantagem.  Enquanto ela faz o mundo acabar com você e você continua apenas dançando em transe. Vejo teus passos tortos, vejo teus dias arrastados entre o tedio e o marasmo. Te adoro. Pois você me disse certa vez: Ignora que passa. Mas você não me ensinou a te ignorar E me pergunto: quem é você? Seria invenção da minha cabeça o que vejo? Você continua dançando entre as fumaças que exala e as promessas do amanhã. Ela é o alvo da vontade proscrita. Como uma máscara que não se encaixa na face dela. Enquanto eu sou carência em forma de querer fazer diferente e provar que sou bom. Enquanto, pateticamente, me derreto a cada monossilábica palavra que me profere. Me lembro das vezes que estávamos juntos e me dói quando me trata como um estranho Pois sei que a tua dedicação e zelo por ela é proporcional ao desprezo que sobra para mim. Não me importo, pois sei que não só de flores vive você

Reflexos

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O que vejo engulo. Toda sua baça forma, incorpórea cor. O tempo reflete gordura e carne na exatidão do caos E a leviana fé entende o erro e pressupõe que não houve. Jogo mais com cautela, os preâmbulos das virtudes vis Pois fui dono dos pecados prejulgados de outrora Estendo a finitude de um lago, cujos contornos vemos Somente para você se experimentar se ver em mim. As águas são cálidas, como o suspiro final do moribundo E seu cheiro, um último e acre vislumbre da contrição. Em mim morava um jovem que se afogou na culpa E a escuridão dos sonhos fez apenas dias cinzentos. Emergindo a velha companheira de toque impossível Que veste a solidão em cada nó dos seus cachecóis.  Jurei cuidar da tua virgindade os assuntos do mundo Para preservar a ingenuidade do pessimismo de seu eu. Garanti o reflexo perfeito de um fragmento do adeus Que teima em segurar os véus de um cadáver iludido E então dizer que há luz onde só vejo escuridão. Philip Gladstone

Tatuagem

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Carybé -Ilustração de Cem anos de Solidão  Se caso repousar em um campo inacessível aos olhos, pode encontrar a singeleza de ter uma surpresa a cada sussurro. Onde o esquecimento se faz necessário apenas para alegrar os dias que se depara com ela lá, cravada em suas costas com linhas e alguns sinais dos hormônios e idade. Nua está, aquela bela menina, apenas sozinha dos outros dela mesma. Mas dorme amparada numa contextura de linhas que indicam todos os lados possíveis da ilusão de ser todas as nossas escolhas. Ela descansa! Pois nem o silêncio do vazio incomoda o sono profundo de um ser guardado pelo medo. O lobo a preenche como em uma dança. Ele é sorrateiro e não perde o controle dos passos que não fazem ruídos e nem deixam sinais. Ele anda pelas faltas entre um devaneio e um surto e os preenche com o calor do toque, apenas para alimentar a ilusão que o amor é uma possibilidade. Os sonhos salteiam em todas as direções, são prolíferos profícuos profanadores das

Um dia azulado

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Inquieto amigo, eu te conheço há algum tempo. Sei qual são os sons que você é capaz de fazer mesmo no silêncio de mil pessoas. Hoje você voltou e decidiu ocupar toda a minha cama. Mas só tem espaço para uma pessoa. Sei que te decepcionei. Não sou mais o mesmo, apesar de ter essa insistente capacidade de engordar para os lados que me perdem. Eu sei que me esvaziei em alguma escolha. Eu sei que te deixei no momento em que mais eu te amava. Querido amigo, por favor, me desculpe. Não importa o quanto ando. As ruas continuam frias e os olhos pálidos me escondem. Outro dia tentei ser invisível e acho que consegui. As pessoas não me veem ou talvez eu só tenho essa necessidade insuportável de ser notado por ser bom em não fazer nada. As pessoas me cobram as melhores frases e as melhores festas e eu só quero ficar quieto. Obrigado por vir me ver querido amigo. Mas a tua presença me destrói. Sua face é a minha face, só que mil vezes melhor. Sou a tua versão esvaziada de sentido. Onde est

Gentileza

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Caso eu pudesse registrar um conselho para mim mesmo, este seria: seja gentil. A gentileza é um dos mais poderosos mecanismos humanos, ela tem o poder de transformar os fatos que estariam fadados ao insucesso, caso um outro temperamento o guiasse. Com certeza devem haver vários estudos que comprove isso! Seja gentil consigo mesmo. Seja gentil com suas falhas e exageros. Aos trinta e poucos anos você já tem a noção que o mundo não será como queria que ele fosse, mas ele também não precisa ser um desastre total. Você tem alguma noção do que é e vislumbra as fronteiras daquilo que pode ser. Ter para si que nenhuma convicção é infalível também é gentileza. Mesmo necessitando desses nortes para se guiar em meio ao caos de ser quem é e imagino continuar sendo até o teu último instante. Seja gentil quando o teu mundo se rebelar contra você e decidir sentir o gosto de sal de outros mares. A gentileza é, por natureza, o contrário da culpa. A sina da suprema felicidade nos pressiona