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Mostrando postagens de agosto, 2011

Sobre um galdério pensante

Ao amor que se distrai nas horas que menos devia, entrego a minha alma! Os anos observam cálidos, entre ombreiras e chapéus, os erros cotidianos.Porém não me julga nem ao menos uma só palavra: Apenas observam! A inquietação, afinal, não é nada além de momentos passageiros: Sempre desassociados de qualquer virtude ou contentamento. Mas, como num banquete de sinceridade, tais momentos atenuam o sabor da solidão de ser só um. Torna-se, assim, um espelho cru: mostrando-me abusadamente nu, por fora, dentro e invertido! Ao amor que se distrai nas horas que menos devia entrego a minha alma! Pois não há nem se quer um varão que não a possuíra por uma noite! Contudo, deixaram-me apenas um nó em tecidos e poucas moedas. Torno-me, assim, o ser destituído de mundo: um ser volante que não mais parece se importar se está entre braços tênues, como num insólito aconchego, ou jogado em pensamentos. Afinal, se ontem fui desejado, hoje sou escória... Se ontem fui verdade, hoje sou anarquia. Ao

O corredor das estações

Fosse o mundo meu, e um pouco de alegria depositaria em cada alma solitária E então, os adormecidos sonhos de outrora despertar-se-iam ao amanhecer Acompanhando a alvorada dos homens A festa do jubileu, a preparar estaríamos, na primavera da era imortal Cujo amor, plantado no inferno da mais profunda melancolia, floresce E os vasos varonis preparam-se para o coito Sim! É a aurora sob os sons das trombetas a anunciar o sabor do verão Clama na astucia jovial o gesto dos beijos livres a dançar entre os lábios Já não é sem tempo, e a vida, enfim, é plena! Mas o silencioso tom alaranjado tinge os contornos dos nus ao céu Como um traquinas a desafiar a jovialidade efêmera, cai-nos o outono. E, sem mais delonga, rouba-nos a precisão dos atos. Fosse o mundo meu, e um pouco de alegria depositaria em cada alma solitária Pois reconhecer as estações da vida não nos torna responsáveis pela finitude Tampouco somos donos do desejo de jovem ser... Para sempre.