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Mostrando postagens de dezembro, 2010

A necessidade

Para além de qualquer silêncio, pretendi ser as intempestivas noites de verão, mas só consegui efetivar as inoportunas tempestades de inverno. Gritei! Gritei muito! Até o ponto de não mais agüentar ouvir minha voz. Como se estivesse a conquistar na força uma luta cujo vencedor levantara o estandarte antes mesmo de eu nascer. Eu tive que perder a voz tentando fazer com que me escutassem, para perceber então que não basta apenas ter boa audição para saber ouvir. Simplesmente porque pessoas de opiniões são, por natureza, surdas. Tornando qualquer empreitada contra essa indagação uma cruzada casmurriana! As opiniões formadas só servem para estagnar as estruturas que todos, sem exceção, reclamam e tentam descartar ou abolir. Desde um ultra-relativista cético até o maior dos ortodoxos religiosos bebem do mesmo cálice sagrado: os dogmas. Em nenhum momento colocamos essas convicções para enfrentar o poder da dúvida. Onde, uma simples conjunção de duas palavras seria capaz de abrir universos de

O retrato da perfeição

Tudo começa no acaso. Num estonteante jogo de sugestões. Onde você decide quando na dança entrar. Você decide... Você define os pares de sapatos que melhor ficam nos seus pés. Preferencialmente aqueles capazes de esconder os dias cansados Você escolhe a melhor camisa branca e o melhor discurso mudo, Mas porque a sensação de insegurança persiste em acompanhar-te? Vai lá garoto! Você tem um belo olhar. O transitar nas amálgamas das contradições Fazem de ti um vaso viril e estonteante, um mancebo de concepções imprudentes. Completo. Não haveria vontade de viver se não pudéssemos passar o portão E você é alto! Terá facilidade em correr caso precise escapar de lá E se as pernas tremerem demasiadamente, vinho lhe recomendaria. Mas, cuidado! Um vaso fica mais bonito depois da terceira doze, O necessário para fazer com que esqueçamos não apenas os medos... Vai lá garoto! Você tem um belo olhar. O transitar nas amálgamas das contradições Fazem de ti um desprovido proscrito de moral, um Canto es

Muito prazer, eu sou o amor.

Sou aquilo que fica escondido no canto da intimidade. O impronunciável, o inaudível, mas nunca o indolor. Teimo em pronunciar-me aos quatro ventos, como os festins de todos os carnavais, mas poucos conseguem ouvir minha obra prima, pois confundem-me com o leviano sabor do entorpecimento. Já fui um encontro de olhar, um pedaço de papel, juras infundadas e promessas de eternidade. Fui o cabo de tormentas, a morte, a dor... A incansável busca por sucesso e os caminhos tortuosos, eu fui para vocês. Fui tanta coisa e muito mais para agradar a todos, até que me esqueceram entre o entretenimento das facilidades. Talvez, eu deva desculpas a mim mesmo por um dia ter feito-me um retrato de facilidades, enquanto a verdade sempre foi evidente:não é fácil. Mas, hoje, enfim, quando o sol dorme no crepuscular do verão, posso afirmar que eu nunca poderia ser quem sou se não fosse o desejo que ultrapassa a pequenez da liberdade ou a facilidade das faltas de escolhas. Muito prazer lágrimas, sou o amor.

A morte da fé

Hoje não devo romantizar o veneno que sinto. Pois ele é tão doce quanto as areais das praias. Sinto o sabor da angustia tomar-me o cotidiano Quebrando as finas camadas da realidade criada. Se pudesse, deixaria de pensar por um segundo, Deixar-me-ia banhar no silêncio dessa anarquia. Dos venenos que guardei para um derradeiro dia Findaram-se todos desde quando li suas palavras, Onde fiquei entre a simplicidade de nossas curvas e o alívio de descansar no aconchego do teu colo. Se pudesse, deixaria de pensar por um segundo, Deixar-me-ia banhar no silêncio dessa anarquia. Hoje não devo concretizar este memorial triste, É véspera de natal é há uma boa nova nascendo Ela não dever ser para mim, sou proscrito da fé Sou aquele que não acredita, e queria acreditar. Se pudesse, deixaria de pensar por um segundo, Deixar-me-ia banhar no silêncio dessa anarquia. Ele não existe, e porque eu sinto doer?