Ao amanhecer deste outono

O que dizer para o amor quando ele mesmo já não mais parece aceitar as palavras?
O que fazer com a sensação de incompetência ao estar de frente com aquilo que quer?
O fazer com a espreitada saudade, anunciando sua melodia, em meio a essa persistente insegurança?
Não são mais as brisas leves da primavera que compõe o nosso caminhar. Nossas armas de antes nunca existiram, eram ideais, e agora... o que dizer do agora? Aquilo que temos pode ser exatamente aquilo que queremos... 

Hoje, contudo, não quero me preocupar. Vou buscar um filme de aventura ou ficção, pois confio nas entrelinhas que somente eu enxergo. E se um dia, por desventura, eu descobrir que estive errado esse tempo todo, encurralado nos meus sonhos desfalecidos, e sozinho, como tantas vezes me senti, ainda restará a dança que um dia fui bem ensaiado: à melancolia de um dia ter vivido uma ilusão para se findar e então acompanhar os paços rasos da solidão.

Mas, eu ainda tenho esperança! Saberemos aproveitar o laranja da estação e, se por acaso, a gente se perder um pouco, ainda teremos o céu da noite, e naquele canto perdido - que um dia será nosso - poderemos desenhar as estrelas com os nossos dedos, como a contar histórias de finais felizes e brincar de ser príncipe, de ser rei de mim mesmo.

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