Estragos, destruições e consequências

E quando eu pensei que já havia superado tudo isso e que poderia finalmente baixar minha guarda e viver da segurança que inventei. Eu poderia ser aquilo que supostamente eu devia ser e plantar as sementes de felicidade que me prometeram.

Tinha certeza de que minha tendência exagerada em auto humilhação havia desaparecido e agora eu poderia ser o que eu supostamente devia ser, isento de qualquer culpa. E meu orgulho havia dado lugar para a serenidade de uma imparcialidade fabricada.

Eu estava envaidecido pela necessidade de ser melhor e as reações de uma subida vontade me seduziram para a sua pista de dança. Aos poucos, me vi escorregando novamente nas reações e consequências das minhas escolhas teimosas.

Mas agora não tenho mais defesas e estou disposto a tirar qualquer truque possível dessa situação que estou. Pois sinto que quando eu quis ser cumplicidade e apoio, talvez nunca eu fui, e me transformei uma pilha de estragos.

Na sua frente eu fico reduzido apenas às minhas próprias determinações, que buscam encontrar qualquer diálogo contigo, mas quase sempre se findam nessas palavras que teimam em florear minha existência vil, ou quando não, caem no esquecimento.

Coleciono uma série imensa de negligências na tentativa de ter argumentos possíveis ou versões sancionadas de Deus para te alegrar, ou ao menos te dar mais um dia que valha a pena pensar em mim, mas parece só restar as consequências.

Sou derrotado um milhão de vezes a cada vez que aceito a tua forma de repelir qualquer restrição como sendo tua melhor desculpa. Eu não tenho mais defesa alguma e só posso ser um exercício de destruição que colhe consequências de um homem só.

J. Pollock, Echo: Number 25, 1951


- texto baseado livremente na música Havoc de Alanis Morrissette -




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