O Diário de Teegoh – Semana 26
Nunca pensei que o mundo fosse um lugar grande. Mas, eu ainda achava que haveriam lugares anônimos o suficiente para só cruzarmos com olhos nunca vistos antes. Porém, momentos como este que contarei fazem com que eu me perceba tão insolente e ingênuo. Naquela tarde banal, enquanto tomava um café banal, em um lugar banal, eu escrevia neste caderno. Eis que avisto um rapaz dirigindo-se à minha direção. Entendi as nuanças de Manet neste instante. Mas, a imagem a se formar não conferia com as paisagens bucólicas do pintor.
Estou em Paris. O que deveria eu esperar? Nunca mais ver os rostos ou os fantasmas de além-mar? Paris é a casa de formação para os burgueses de lá! Quando não, é a casa de campo, o jardim de inverno ou qualquer outra banalidade! Quantas banalidades! Há muito tempo não sentia o meu coração acelerar. Lá estava ele... tão real! Não soube por um raro momento se levantava e corria naquela direção ou para uma oposta. Permaneci sentado. Plácido.
Ele sentou-se na cadeira à minha frente. Pediu um chá. O silêncio entre nós não era perturbado nem pelo movimento das ruas. Foi quando percebi que discretamente uma lágrima escapava daquele olho verde. Nunca imaginei que uma lágrima no rosto de Tobias o transformaria em uma espécie de divindade esculpida em marfim. Fantástico era o brilho daquela tristeza. Pouco tempo e já entendia que ele simplesmente sabia os motivos de eu ter entrado para a milícia do governo. Mas ele nunca se perdoaria por ter abandonado seus colegas. Por isso, a lágrima límpida...
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