Rotunda Roda Rotineira

É como andar por toda uma multidão, em uma grande avenida movimentada de uma cidade movimentada. Você se dilui em plena insignificância de ser mais um qualquer, mais um ninguém. Mas há uma pseudo ordem, uma organização social que faz de uns aqueles que vêm e de outros aqueles que vão. Parece uma balança que se equilibra numa dança perfeita, e ainda há aqueles que enxergam a fragilidade desse caminhar como a ingênua face da ilusão.

É como uma barca à navegar sem rumo. Um capitão diz que vamos para Zulia. Alguns pensam que lá é o paraíso, outros são céticos e ninguém se percebe, pois lêem os livros dos dias e contam as horas para os parentes presentes e mortos... Um capitão esquizofrênico a brincar de Moisés, cria seus filhos na entorpecida ilusão de humanidade pós-moderna, pós-utópica, pós qualquer outra coisa.

E você ainda se preocupa, afinal sente-se importante para aquela meia dúzia de coisas anódinas. Você se move conforme o vento que te quer carregar. Mas suas folhas são feitas de tinta de sangue e lágrimas. Quer brincar de ser rei de si mesmo em um lar de carcamanos... quer brincar de feliz em um lar onde a felicidade é institucionalizada.

E você se pergunta se és mesmo insignificante, mesmo na silenciosa multidão de passos variados... onde os desastres marcam os acontecimentos, entre as mortes dos artistas e as velas a apagar toda essa escuridão. Você se pergunta porque não brincar um pouco de ser feliz, mesmo que a sua viagem seja feita à passo de tartaruga ou nas asas de uma fênix.

Mas há quem diz que o certo é aquilo pintado pela maioria... vil mentira da dita-dura... sendo que, por sua vez, deixa de lado o que mais importa. Afinal, se é para pensar em igualdades, eu prefiro pensar no amargo dom da liberdade. Liberdade que faz de nós a vida que outrora fora calada... Faz de nós todas as possibilidades... Faz de nós respeito pleno e sincero.

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