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Mostrando postagens de fevereiro, 2009

Palavras

Palavras ditas e reverberadas como facas afiadas a girar no céu estrelado Palavras soltas, como ditados, a contar sobre morais vazias e frias Palavras que curam, palavras que destroem... Palavras que nada dizem para uns, mas dizem muito para outros, ao mesmo tempo. Palavras que constroem sentimentos, Palavras que alimentam sentimentos, Palavras que matam sentimentos, Palavras não ditas e ouvidas por multidões atentas numa noite qualquer Palavras presas, em suas filosofias baratas, repetidas, repetidas, repetidas... Palavras que interpretam, palavras que iluminam... Palavras que nada dizem para uns, mas dizem muito para outros, ao mesmo tempo. Palavras que aproximam as pessoas, Palavras que afastam as pessoas, Palavras que dignificam as pessoas, Mas, Precisa-se de fé para ler essas palavras. Precisa-se de sonhos para acreditar nestas palavras. Precisa-se de criatividade para entender estas palavras. Palavras, palavras, palavras... soltas são minhas palavras... Mas só não são mais soltas

A história de Andruz

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A história de Andruz

Parte 2: Seus olhos. Nas voltas dos dias, em que a criança torna-se o adulto prematuro, sem sonhos e coerência, acreditei que o amor existia, mesmo que ele fosse apenas um sonho... Naquela noite, eu já havia transpassado todos os meus limites de auto proteção a favor de algo que nem sabia ao certo o que era, até então. Quando dei por mim, aos pés daquela imensa bacia de águas movimentadas estava. Era muito maior e muito mais atemorizante sentir a presença daquela criatura aos pés do tanque. Seu movimento não só faziam as águas dançarem, mas todo o ambiente do lugar era regido sob seu controle. Quando dei por mim, meus olhos já revelaram toda minha apreensão e certa desorientação por lá estar e, naquele instante, sem saber o que fazer ou como agir, apenas esperei. Foi por um abrupto salto de algo inominável, mas lá estava e algo tinha que fazer, mas meus músculos e vontades já não mais me correspondiam. O velho, com poucas palavras, mantendo-se plácido frente toda a minha euforia, disse

O Diário de Teegoh - Semana 05

Sem mais delongas, a mudança ocorreu como o previsto: sem muitas emoções por parte de ninguém. Mas, de um modo ou de outro, sinto certa falta daquele casarão. Não diria, contudo, ser saudade, pois minha memória não é tão seletiva a ponto de transformar pedregulhos em diamantes. Talvez um dia eu seja assim... mas, creio que isso nunca acontecerá. Realmente aqui o mundo parece ser outro mundo. A viúva, dona da pensão é bem carola de fato, mas faz vista grossa para muitas coisas que os pensionistas arranjam por cá. Percebi desde o primeiro instante que entrei aqui que todas as regras estão bem estabelecidas (até aquelas que já nasceram quebradas). Pelo visto a vida aqui será bastante harmoniosa. O que não parece estar harmonioso é o clima por aqui. É bastante nítida a tensão que se espalha nos corredores da academia, apesar de eu não saber bem o que está acontecendo. Pequenos grupos de veteranos pelos cantos, com olhares atentos a tudo e a todos... Somente os meus colegas de turma parecem

Redoma

As promessas parecem muito mais distantes para um dia se cumprirem. Talvez essas voltas todas nos tenham deixado tontos demais, e um pouco desorientados também. Ontem esperei você me dizer algo bom e bonito, mas nada aconteceu, assim como antes e antes e antes... Mas, nada mais aconteceu, assim como há muito tempo, e não me venha dizer que sou ansioso. O que sinto me contaminar não navega por esses mares, ela está mais perto da incoerência. Ainda espero pela minha vida. Mas não sou mais o mesmo que um dia fui... uma montanha não se finda sob a outra, ao menos que a primeira deixara de existir. Talvez este seja o meu caso... Talvez não. Mas, se calhar, amanhã o dia vai estar bonito e eu continuarei sendo o mesmo de sempre... que essa montanha não passe de uma ilusão causada pela neblina em minha cabeça. De todo modo, ainda tenho meu jardim de inverno... lá, as flores sempre estão cheias de espinhos.

O Diário de Teegoh - Semana 04

Confesso que estou um pouco ansioso. Na próxima semana acredito que minha vida começará a mudar. Primeiro pelo fato óbvio de eu me mudar para a capital e ingressar na academia de direito. Segundo, tenho grandes esperanças de conhecer pessoas interessantes e fugir de uma vez por todas dos fantasmas (vivos e mortos) daqui. Se não bastasse, ontem recebemos a visita do fazendeiro vizinho. Ele estava acompanhado de seu filho recém chegada da França, um rapaz de porte fino e elegante de fato, mas que já carregava desde antes de sua volta a notoriedade de ser, digamos, delicado demais para os padrões dessas terras. Particularmente, não notei nada de excepcional no rapaz, afinal, sendo aqui ou lá, todos tivemos que aprender os bons modos e a língua francesa... Mas, só de imaginar que ele poderia ser um companheiro para promover a contrariedade, fiquei bastante contente quando me anunciaram a visita de ambos. Mas, mais entusiasmado eu fiquei quando, no meio do incansável debulhar de perguntas q

O Diário de Teegoh - Semana 03

Talvez eu passe acreditar em milagres! Talvez não! Pode ser que isto tenha sido apenas algo excepcional! Mas, que seja... foi bom ver a criada contando para minha mãe o incidente. Percebi que a grande matriarca desta prole entendeu o espetáculo da tocha humana da semana passada. Apesar de ela ainda culpar pela careca da mulher (como ela deixou bem claro no jantar), ao menos ela parece ter desistido de me mandar para o hospício... pelo menos por enquanto. Ainda bem que este mês encontra-se na reta final. Se bem que depois começarão outros tipos de reuniões que são tão chatas quanto às do mês de férias. Contudo, não posso negar que houve uma plácida alegria no último baile de janeiro. No começo, as mesmas pessoas, mesmas conversas observadas de longe... sapatos engraxados... pés pisando em pés durante as danças... até que, um senhor sentou-se ao meu lado. Acho que nunca o tinha visto antes... mas, com toda aquela idade, com certeza não seria uma figura difícil de identificar como um ou

Algo de dentro pra dentro

A cho que me perco um pouco... são tantos que nem sei por onde começar... começo a pensar que nada existe e nada vai existir além dos pensamentos que vivem me atormentando, cobrando-me algo... cobrando um alguém mais correto. Enquanto isso, independentemente da minha vontade, eles nascem e amadurecem dentro de mim e, apesar de eu já ser um pouco grande, às vezes, o espaço aqui parece pequeno para todos... mas, por outro lado, há algo que não me impulsiona! Queria usar o meu tempo pra fazer mais! Mesmo que eu jogue fora depois de feito, ou que ninguém nunca leia nada... apenas queria me sentir bem comigo mesmo... Eles vêm! E são tão fortes que se misturam comigo mesmo! Às vezes sou eu quem vos fala... às vezes é um deles ou vários ao mesmo tempo... e assim, parece ser no meu cotidiano também... É quase uma brincadeira de sentidos. Sim! Creio que posso descrever assim sem causar maiores constrangimentos: Em um mundo onde tudo o que é pode não ser, eu brinco de ser um pouco de cada um, ma

A história de Andruz

Parte 1: Uma estranha festa de despedida. Um dia, sem onde ir e sem ter o que fazer, um sonho se assolou por aqui. Era apenas eu e ela a vagar entre a fina neblina de uma noite de verão perto do mar. Naquela bucólica cidade, onde o calor era ameno e as cores das luzes e dos anúncios lembravam um vermelho entardecer, que mesclando-se com o verde oliva das paredes e outras tantas cores mais compunham nosso caminhar com uma melancólica e fatídica sensacção de tédio. Estávamos matando o tempo, antes que ele nos matasse... com muitas vontades etéreas, mas pouco animo, ou pouca motivação... foi então que encontramos um cartaz diferente. Lá líamos o anuncio de uma festa, mas uma festa nada comum. Em letras bonitas, dentro de uma moldura e uma bela figura que ilustrava o chamativo cartaz, Anbruz convidava-nos para sua festa de despedida. Era anunciado também que ele se despedia não por causa de uma viagem, ou por que iria se mudar de cidade, ele nos convidou, pois sabia: naquela noite ele morr

O Diário de Teegoh - Semana 02

Talvez eu esteja sendo muito duro comigo mesmo. Não devia me sentir culpado! Ela fez por merecer... Minha mãe “ a santa” evidentemente a defendeu e veio a mim, para tomar-me umas satisfações. “Coitada da criada! Você não devia ter feito isso com ela! Está a se tornar um rapaz muito atormentado” dizia ela com sua voz irritante! Mal sabe ela que a “coitada da criada” tem feito durantes às noites, com o merdeiro. Mas, isso não vem ao caso, afinal não sou de julgar as atitudes das pessoas, por mais grotescas que sejam. Mas, neste caso, a ingrata ultrapassou todos os limites e no meu calo ela quase pisou! Não poderia simplesmente deixar passar! Ela teve o que mereceu! O que ela teve foi o suficiente para que eu nunca mais a pegue colocando o nariz onde não deve! Caso isso aconteça, vou colocar o nariz dela bem... deixa por vir... Apesar de ríspido, trato os serviçais melhor até do que os porcos da corte, mas, quando deixam a desejar, o rebate é mais democrático. Meus pertences são apenas me