O Antigo Salão

Essa sensação estranha que me toma nesse momento está a me fazer sair de mim por um instante. Não queria pensar dessa forma, mas as situações que me cercam fazem de mim um celeiro de movimentos estranhos.

Hoje sou um ser jogado à sorte e às ilusões. Eu amo. E esse amor é tudo o que tenho de mais precioso nesse mundo. E amo também o que me faz ser quem sou hoje. Mesmo que a desarmonia do mundo os toque de forma devastadora, sei que lá há um porto e mesmo que ele não seja tão seguro, ele ainda está com as portar abertas para mim.

Mas e eu? Qual é o meu lugar naquele salão de festas? Não digo eu, o senhor da temperança, que se veste de preto e se arma com a balança, esse sempre será bem vindo naquele lugar. Mas, serão os mesmos olhos que me acariciam hoje aqueles que me acariciar-me-ão amanhã, quando não mais estiver no fronte de batalha?

Sei que não devia ser assim... Sei que o meu espaço é pequeno demais para tantas estrelas cadentes. Sou para uns os melhores ouvidos, mas será mesmo que eles me vêem? Sou a solução do mundo para aqueles que não compreendem, mas eu procuro apenas as minhas soluções, para então abraçar um amigo. Mas eu os amo e sempre vou amá-los mesmo sabendo que não são mais o meu lar...

As lágrimas conhecem o exato momento de partir do mundo fantástico da íris e então banhar a realidade de desilusões. Aquilo que me cala nesse momento, fortalece o futuro. Queria eu poder dividir o que tenho, mesmo sendo insignificante. Mas no momento me calo e devo cuidar das amoras do seu jardim.

Nem sempre a natureza está na sua perfeita ordem. É possível ver água no lugar do ar... é possível se cegar, mesmo tendo todas as cores do mundo. Acho que vou me sentar nesse lugar que não é o meu por um segundo. Mas não vou descansar, não é para isso que ali vou sentar.

Vou infelizmente ser aquilo que não sou, mas só vou fazer isso porque os amo. Esse sentimento incompreensível e insuportável que às vezes nos deixa sem opção à não ser a mais dolorosa, mas que eu preferirei a morte se sem ele eu for punido viver.

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