Não!


Despeço-me de tudo que me norteia nesse instante. Parece que não há mais sentido em continuar com qualquer coisa, pois qualquer coisa não existe mais.

E o que existe? Sou só eu em um monte de nada, onde só há tremor, só há desespero, só há insegurança e desvairo...

Deixo para o banquete de vermes aquilo que de melhor houve em mim. Deixo as cartas inacabadas, as palavras não ditas, os pensamentos honestos e os sonhos ingênuos... Deixo a vida de um garoto do interior para encontrar aquilo que se perdeu...

Quero explodir o mundo, quero purificar minha alma, quero me queimar no fogo as alucinações e quem sabe quero ressurgir como alguém fingidamente melhor. Pois melhor eu fui quando estava tudo sob meu fantasmagórico controle... onde o eu era o tudo e o nós não existia.... quero ser grande, quero ser um pouco de poder, mesmo que ele seja dentro de um microcosmo... quero me sentir útil, quero me sentir normal...

Não acredito nas pessoas...
Não acredito no amor...
Não acredito em anjos, nem na salvação...

Não acredito na vida...
Não acredito no altruísmo...
Não acredito em você, nem em mim...

Que a morte seja piedosa e quebre esse mar de calado... Traga as flores do seu cemitério e se una comigo, pois maior moribundo nessa terra não há... Sou hoje o remanescente de um belo sonho que foi se desconstruindo paulatinamente para então me reerguer, mas não consegui. Eu sinto muito... agora é tarde para lamentações, devo continuar ao que nunca devia ter parado...

Chega à hora de ascender às velas. Que as lágrimas anunciem a chegada de Hill e Walla, que eu seja um bom sacerdote do meu tempo... que eu seja puro. Não há mais volta, essa é a minha deliberação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cem

O Jardineiro da Perversão

Latente