O meu meu

O meu meu, eu encontrei na esquina, 
bem no cruzamento da solidão com a carência;
Ele estava despido de ajuizadas intenções, 
pois preferia carregar a necessidade do imediato

O meu meu me fez esquecer o nefasto
ao me mostrar todas as volúpias do seu sorriso;
Ele trazia a alegria para um cotidiano pálido,
o que eu não sabia era que ele não era só pra mim.

O meu meu continuou a ser o que era,
e já não cabia nas molduras que encomendei.
Ele era um furor mascarado na juventude,
cujas escolhas se pautavam no imediato

O meu meu já não era mais meu,
E então, percebi, que ele nunca me foi meu
Ele ocupava o limiar das possibilidades
para ser um pouco de si, para si mesmo.

E, como dito assim foi, sem por nem tirar.
Ele foi o que quis ser, invariavelmente...
Sem ser de ninguém, nem dele mesmo.
...

Compartment C, car 293 - Edward Hopper, 1938

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