Presente de aniversário

Lá está! Plácido, em seus furtivos pensamentos de uma vida inteira de juventude. Um corpo, que como o meu, representa a força da primavera. Inebriados por luz cada canto que lhe é possível, sem deixar de ostentar a sombra, numa pose de certo relaxamento, de certa franqueza de ser quem é.

Ele se despe das vergonhas e deixa a inocência para trás, assim como o lençol branco. São apenas lembranças do passado infantil. O presente nunca foi tão prazeroso.

Da cadeira, antes o local de segurança, como nos braços de uma mãe, precisa apenas de uma ponta do encosto, pois as pernas dele são capazes de sustentar sem esforço e o levar para onde bem queria ir.

É livre! Nas virtudes e temperanças, mas lá está por gosto e escolha... ou comodidade. É jovem, sem nenhuma vulnerabilidade, contudo esconde as partes intimas, não por vergonha ou zelo com os moralistas, pois na verdade, lá posa a valentia do desejo!

Juventude viril! Que atenta no desejo e no segredo, uma busca de quem o quer, mas que alcançará apenas alquilo que o escapa, entre a virilidade em pelos que insistem em fugir do pano que guarda a polpa de ser homem.
Contudo, de todo não há como enganar. Não se trata do retrato de Dorian Gray, mas sim de um rapaz anônimo de história, pois de outro modo não há como ser um desejo atemporal. Desejo somente percebido e vivenciado, pois se compreende no intimo a fugacidade da vida.

Lá, entre os traços que compõe um rosto atípico, encontram-se os sinais do outono, trazendo as brumas e arestas que as frutas terão um gosto diferente. Assim como eu. Mas, como sempre, desejável.

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