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Mostrando postagens de 2012

O tempo que nos move

A distância nos brinda não raras às vezes com o equivoco das escolhas fáceis. Ela, com o contar dos minutos, um depois do outro, pode nos presentear com a falsa sensação de dever cumprido em uma história que se apresenta como se nunca tivesse sido sua. Anônima. E então, você se percebe ao acordar numa terça-feira monótona com certo sabor em seus pensamentos. Nada é planejado quando se trata das consequências de nossas escolhas difíceis. O fato de usarmos toda a nossa energia para seguir por um caminho, é um ato de desespero que nos consome qualquer capacidade racional.  E ae, vem o tempo novamente! Esta entidade ausente de responsabilidade, um verdadeiro agente do caos, que é capaz de transportar todas as tuas angustias no dia, mas do mesmo modo ele te devolve tudo numa manhã tempestuosa, de uma só vez. Você mergulha e tenta a todo custo sair das próprias inseguranças no espaço que ainda resta de ar. Mas é tempo suficiente apenas para respirar e não desmaiar entre tanta

O Crepúsculo da Esperança

Se, por ventura, os nossos olhares se encontrassem Em um dia como qualquer outro, saberíamos o sabor Da conjunção das estrelas. Em tal gozo geraria o  Afastamento da dúvida ou da insegurança do corpo Pois nada mais existira à não ser o desejo do amor. De todo modo, os nossos olhares não se encontram mais Eles parecem perdidos, sem seus devaneios, ou melhor, Em suas concretas concepções do absurdo absoluto... Sem importarmos se a distância é algo palpável Nossos dias são escritas solitárias, que esperam o amanhecer.  Se, por ventura, os nossos olhares se perderem um no outro Talvez percebamos que a distância seja um obstáculo Das palavras, cuja forma desistimos de procurar... Somos incapazes de concluirmos, mas isso não me amola: Busco apenas aquele abraço perdido que eu tive um dia.                            [texto escrito durante uma palestra chata em 18 de Março de 2010. O curioso, pra mim, é lê-lo tão atual na minha vida. Curioso e Melancólico]

As escolhas

Enquanto pequeno, lá entre o ideal principesco e as tendências profanas, percebia paulatinamente os prazeres de uma terceira margem. Os corrimãos que davam suporte ao cotidiano etéreo, também me asseguravam a possibilidade de sonhar. Sonhos que pouco se preocupavam com a concretização dos anseios, pois eles satisfaziam a necessidade de sentir-me capaz. Mas, hora como cavalos a galopar ou uma pena ao ar, as escolhas deram face aos meus sentimentos e os sonhos confundiam os crepúsculos das ilusões. O corpo abundava os sinais das possibilidades, enquanto caracóis de pelos cresciam a insinuar um comprometimento com o tempo. Não foi em um amanhecer, nem contava os contos dos segundos... simplesmente, foi se formando, pois assim, era certo. E então, aconteceu. Percebi minha escolha em poder escolher. Assumir a dádiva do livre arbítrio. Ser livre, em plenitude. Em êxtase me encontrei. Mas, a escolha é apenas uma peça do teu quebra cabeça. A peça mestra, contudo não única. Montar o restante d

Na esquina do tempo e encontros - Charles Dickens

Foge dos cruéis caminhos da realidade de outrora e cria para si e para o mundo um espaço que, através da fantasia, comenta as convenções sociais. É um menino. Insatisfeito. Busca nas esquinas das possibilidades, tratar os sonhos do reencontro. E assim, retratos de reconciliações formam. O jovem e o velho. O mundo e o avanço. A monarquia e a plebe. São os laços entre aquilo que os preenchem, uns aos outros. Cabe a nós, donos de mais de 100 anos de tentativas, encontrar as fartas vertentes de um cotidiano de sentimentos passados. Como uma dança de poderes. Você é Pip. Você se perde não por conta das brumas do inverno, mas pela moralidade vitoriana de ontem e de hoje. Perde a ingenuidade que um dia lhe guiou para enfrentar o medo e oferecer o que comer ao mostro que lhe era o mais atemorizante. Você viu o homem que se vestiu de mostro cruel - sociedade. Vá! Sobreviva a tudo isso, enfim! Atrás das máscaras você talvez não encontre um pai, mas um amigo. Se não, com grande esperança, um retr

Presente de aniversário

Lá está! Plácido, em seus furtivos pensamentos de uma vida inteira de juventude. Um corpo, que como o meu, representa a força da primavera. Inebriados por luz cada canto que lhe é possível, sem deixar de ostentar a sombra, numa pose de certo relaxamento, de certa franqueza de ser quem é. Ele se despe das vergonhas e deixa a inocência para trás, assim como o lençol branco. São apenas lembranças do passado infantil. O presente nunca foi tão prazeroso. Da cadeira, antes o local de segurança, como nos braços de uma mãe, precisa apenas de uma ponta do encosto, pois as pernas dele são capazes de sustentar sem esforço e o levar para onde bem queria ir. É livre! Nas virtudes e temperanças, mas lá está por gosto e escolha... ou comodidade. É jovem, sem nenhuma vulnerabilidade, contudo esconde as partes intimas, não por vergonha ou zelo com os moralistas, pois na verdade, lá posa a valentia do desejo! Juventude viril! Que atenta no desejo e no segredo, uma busca de quem o quer, mas que alcançar

O pequeno banquete

O dia pode não ter sido como imaginei. Passou. Você não provou do pequeno banquete que fiz Você nem sequer sentou-se a mesa comigo. O dia foi bom. Fiz minhas confissões às horas enquanto pensava nos teus “sim” e sorrisos estive, se calhar, num estado de felicidade. O dia, tingido no laranja de verão esvanece E a porta canta no tom do caos inesperado Somente para me avisar que você lá está. Passou. Os olhos se perderam em vasta face. Não vi segredo, desprezo. Não vi nada. Lá, entre um sorriso dissimulado, nada havia! Sozinho fiquei. Novamente. O dia pode não ter sido como imaginei. Passou. Mas se aqui se espera um ‘mas’, não poderia ser. Contento-me com o ‘se’... Se foi. Para sempre.

Segredo de menino

Qual é a maior torre que consigo morar? Mas tem que ser um lugar onde eu possa existir sem tempo, sem dor... Brincar entre os segundos inexistentes até não mais sentir as pernas e enfim esperar a saudade apontar-se no horizonte. Mas lá, eu não tenho tranças, cortas, portas, tampouco janelas... a saudade, tampouco a consciência podem entrar e no horizonte que eu as vi, eu as vejo desvanecer. Sou apenas eu. E, frente a todas minhas virtudes descubro os meus maiores defeitos. Eu brinco com os meus defeitos. Imaturamente. Afinal, pouco importa virtudes e defeitos, saudades, vontades e desejos, pois cá eu me protejo de mim mesmo. Afinal, reservo o claustrofóbico cômodo da torre para aquilo que desejo extirpar de mim, por isso a torre mais alta não fica vigiando lado qualquer do meu castelo de cristal. Não há lugar para ser só eu no meu castelo, pois lá abrigo a solidão e outros três fantasmas. Já na torre esqueço-me de ser eu e aos poucos me afogo na ausência de consciência. Aos poucos dest