Fantasmas de Mim

Às vezes eles tentam ditar um conto de amor e horror como se fosse algo do mundo do maravilhoso; como se fosse algo à que se espelhar. Às vezes, os contos contados são tão bem estruturados que acontece uma bonita confusão até! Onde, entre as luzes coloridas, o som das batidas frenéticas, os gostos, os cheiros e as pessoas, tornam o ambiente num ambiente onde poucos. De fato são príncipes, e, poucos ainda são mais que isso: são pessoas que se apresentam com um mínimo de substância.

O conto contado termina, é hora de dormir. Mas a mente não pára. Têm curingas na minha cabeça que não deixam nada escapar do delirante entorpecer de uma mente insana. É um caldo, um plasma a engrossar entre coisas do passado, do agora e do sempre... Sem pretensão alguma, mas com muita vivacidade, ao gosto do espectador de mim mesmo, percorre este ser, por caminhos extraordinários.

Ontem, mesmo sem saber que era isso que procurava, fui atrás de um aniquilador de mitos e de histórias de pessoas. Decidi procurá-lo nas dunas de longe, mas percebi que o encontraria mesmo era no descampado (percebi sem perceber, meio que um instinto de inconsciente).

Lá estava o fantasma, mas agora não mais o via... contudo, ele estava, como sempre esteve, apenas em mim mesmo. O fantasma se impregnou na minha carne como uma idéia mórbida, parasita... Talvez estava sentindo-me menosprezado, mas radiante, de tantos elogios... era alguma magia de mim mesmo, magia do meu mundo, das fortes.... daquelas que eu mesmo me ponho e que somente eu mesmo posso tirar.

No começo, não havia verbo entre nós, apenas expressão... Num segundo momento, decepção, confusão, palavras e olhares... Num terceiro, quase desfalecei-me entre gestos... mas então, do mesmo modo que o fantasma se isolou, ele partiu para sempre...

As histórias que conto, as que crio e as que vivo são diferentes, ao menos, deveriam ser... Não entendo porque olho para você e me vislumbro com aquilo que pode me oferecer... sei que é capaz, contudo, de onde vem essa minha paixão por tuas idéias e histórias, que agora me parece não só doentia, mas também enlouquecedora (num sentido muito mais que patológico)!

Para expurgar os fantasmas de mim mesmo, lembrei-me num ato só, que meus tesouros não se encontram no salão nobre deste castelo que de agora eu falo. Muito menos, eles se encontram numa câmara secreta, mal iluminada e de vários segredos de acesso. Os meus tesouros estão por ai.... livres, olhando os dias e as horas, esperando os encontros, temendo as frustrações... estão vivendo. Eu, talvez por medo da vida, torno-me às vezes um criadouro de fantasmas... todos muito lindos, muito amáveis, contudo, muito degenerativos de mim mesmo...

Quero, a partir de hoje, olhar para você e continuar vendo toda essa intensidade, pois acredito no potencial, acredito no ser humano e, acredito ainda mais que por detrás das mascaras que nos colocamos para enfrentar o medo de viver, existe um potencial poético fabuloso, contudo ao perceber isso, tenho que tentar fazer com que essa intensidade não se torne mais um fantasma, um fantasma de mim mesmo.

Comentários

Anônimo disse…
Crias os fantasmas pelos quais te iludes... tu próprio.
Abraxos

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