Bonito Desastre

Bonito desastre. Dentro de mim há algo que me inquieta. As salvas da noite, brancas neblinas acompanham-me por horas fio, enquanto eu... eu apenas fico como uma incógnita plácida, frente o girar do mundo... Eu cruzo meus braços à espera de um milagre.

Bonito desastre. Um dia, nasci para então conhecer a dor de ter algo e perceber que talvez fosse melhor eu apenas ter a doce e venerável lembrança. No momento tenho que lidar com a decepção em meu coração e um gosto ranço de rancor que parecer acoitar-me ao pensar nele.

Bonito desastre. Minha vida parece ser neste momento não mais do que uma caixinha totalmente descartável. Como uma daquelas, que colocam todas nossas decepções em papéis e recordações de revistas.

Bonito desastre. Dizem que temos que ser forte... mas essa batalha me parece ser desleal, injusta, desnecessária! Absurda! Não sei se quero lutar, mas eu não sou fraco, apenas não tenho vontade de lutar contra alguém que devia me amar.

Bonito desastre. Nasci para talvez conhecer um inimigo íntimo, uma presença ausente, uma figuração do real... sei lá qual o nome daria a ele... nunca seria o qual eu o mais gostaria de dizer... mas dizer verdadeiramente, daquele modo que ao pronunciar as poucas palavras que compõe o termo, sentir-me-ia orgulhoso de mim mesmo por saber que sou parte daquele mundo.

Bonito desastre. Um dia a vida se torna vento, vento em neblina, nas noites como estas e para sempre histórias como a minha se repetirão infelizmente.

Bonito desastre. Procure apenas, caro amigo, suportar da incoerência deste mundo, para então sorrir para aqueles que te amam. Segure nas mãos que lhe são estendidas, mesmo que elas nunca poderão ser como aquela que lhe foi negado.

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