Onde estará?
E agora, nesse momento que o tempo diz ser algo existente, sinto-me completamente estrangeiro a ele, não só por falta de diálogo, mas por falta de mágica também... O que poder-se-á fazer, um jovem que das mãos roubaram as palavras; dos pés, sobraram os calos desfiguramos; os cabelos não brilham mais e as idéias são inebriadas por fazeres corretos... fazeres corretos... fazeres corretos...
O que querem dizer a mim com esses fazeres corretos? Pois os sonhos, os meus sonhos, aquelas flores e pessoas que convivem comigo cada vez que encosto-me no desfrute proibido do descanso, são sempre mais coloridos, são sempre mais estranhamente e contraditoriamente harmoniosos: perfeitos!
Mas não procuro a perfeição, ser perfeito é algo muito cruel, muito doentio... Quero apenas saber o caminho perdido do amor, onde lá cantam as sereias e, enamorados caem os jovens navegantes... Minha mente me leva para os mares e cheiros mais distantes! Ainda sinto o cheiro de tinta fresca da casa que morei naquela mais alta montanha e o cedro, que compunha sua frente me trazia às memórias de lá um pouco de sabedoria dos antigos. Se um dia eu descobrir o caminho do amor, colocarei um anúncio no jornal para que todos possam por lá caminhar, mas se você, caro desconhecido, descobrir antes de mim, por favor, avise a humanidade, pois esta necessita de um pouco de carinho e calor de verdade.
Mesmo assim, acredito nos sonhos! Mesmo sem dizer nada com que digo, tenho que dizer: tão sábios foram eles que inventaram o chocolate! Ainda bem que existe ainda o chocolate. Mas, o que importa algo existir se todo o resto padeceu no entardecer? O que é ser um sobrevivente se todo o seu chão não é mais a terra vermelha?
E, ainda sobre os sonhos, são casamentos, são monstros, são amores não realizados e lugares onde eu tenho algo a dizer... Mas, o dia de lá termina e o de cá acorda... é monografia, é mestrado, é correria, é dinheiro (a falta dele), embaralhados entre os conflitos pessoais e amorosos que soam como batalhas homéricas àqueles que de longe me vêem(pois, de fato são!), mas que para mim doe o fundo da alma...
Não que eu seja vítima, nem que eu seja certo... só sei que tudo isso é muito dolorido e, talvez o que importa nessas horas é saber conceber verdadeiros milagres nessa terra, como a conciliação. Mas, ainda lhe pergunto, com a esperança de um dia eu obter alguma resposta: por acaso, saberia tu me informar por onde andas aquele que um dia inseriu em minha mente tantas ilusões?
Talvez tenha sido o coelho branco, afinal ele tinha um relógio! Talvez, em outras dúvidas, foram as fadas, os elfos e os titilar dos sinos... Não me sinto por já bastante confuso... Contudo, enquanto isso, vou tentar fazer algo que me traga um pote de felicidade. Caso eu consiga, talvez enfeitarei a sala com ele, assim, as pessoas que me visitam pensarão que estou feliz... talvez, porque não?, usarei seu conteúdo para temperar o jantar de amanhã, talvez assim gostarão do que eu faço...
E assim tento eu ir: dos colírios às músicas, das pinturas aos cheiros... sonharei com um mundo melhor para que um dia essas palavras passam a ser de meros clichês para uma realidade... Mas, afinal, o que é que dizem ser essa tal de realidade?
Comentários