As armas de um Contentado

Por quantas pedras ainda vou passar? Quantos dragões eu vou ter que enfrentar até do rubro sangue de seu coração desprotegido manchar o punhal da verdade? Será que estou pronto para tudo isso?

Mas quanto receio, quanto temor, quanta ansiedade! Esses muros teimam em tampar o sol da minha vida como montanhas apoquentadoras. Se penso estar eu impenetrável nesse momento, ao mesmo tempo, estou delicadamente vulnerável a tudo isso que se passa.

Você me deu a armadura, me deu as armas e, principalmente me deu um motivo para lutar. Hoje sou capaz de tudo. Hoje sou capaz de realizar qualquer sonho. Já ultrapassei as barreiras do meu castelo de cristal para encontrar-te na praça da liberdade. Por lá eu vi as luzes do fim de ano e assisti o pôr-do-sol contigo.

Do mais, só tenho momentos bons. Momentos que às vezes eram banhados por gotas das lagrimas da vida, por soluços de dificuldade e abraços apertados, como modo de mostrar algo, mostrar-me que daquela porta para fora as coisas serão um pouco menos dóceis e que às vezes tropeçaremos.

Hoje não tenho mais medo de escalar nenhuma montanha. Mesmo se for a montanha mais perigosa desse mundo. Vou enfrentá-la sem temor, pois sei que no seu topo serie recompensado, estarei bem perto do céu e serei banhado pelas luzes das estrelas. Sei que lá, você vai estar a me esperar, vestido de vermelho e emanando sua contagiante luz para enfim, me abraçar para sempre.

Mas, nesse momento o Senhor Tempo não quis parar para nós. Esse tempestuoso e, por vezes, cruel Senhor Tempo não sabe ao certo o que é o amor, ou talvez goste de nos colocar alguns desafios para testar a veracidade dos nossos sentimentos. Acho que estou pronto para enfrentar esses tais desafios...

Por hora, apenas aguardo pacientemente. A prudência e o ato de sentar na pedra dos pensamentos singelos são armas muito valiosas em nossas terras de desconhecidos. Por isso, devo ser vigilante, e saber os meus limites para então descobrir os meios para superar a mim mesmo. Por fim, devo preparar uma xícara de chá, pois nesses dias frios isso me ajuda a espantar a amargura da solidão. Pois então, aceitas tomar esse chá comigo?

Comentários

Anônimo disse…
É no quarto - mais que na praça - que se sente a liberdade. Mesmo que o quarto tenha grades!...

Eu levo as estrelas para acompanhar o chá que vais preparar.

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