A Imprecisão dos Atos
O silêncio se concretizou como uma muralha entre nós. Eles foram decorados pelos mesmos e voláteis painéis do cotidiano postados, mas não representam quem você é. Ou, no mínimo, não prefiro acreditar que não refletem o que se passa dentro do seu coração. Lá você é um apenas um alento, já eu prefiro os sabores de todas os teus amanheceres.
Temo não conseguir. Há uma pungente energia que ao te repelir, te anseia em meus braços novamente. E se, por um instante eu fraquejei o orgulho que te consome, saiba que esta era a minha atenção. A mesma intenção dos nossos primeiros encontros, primeiros afetos.... Todas elas se esvaecem ao tocar a imprecisão de seus atos.
O cotidiano me suga o tempo etéreo dos prazeres, enquanto envelheço nas tenacidades das possibilidades não cumpridas. Ainda nesta idade, pateticamente, me permito me perder pelos caminhos de suas traquinagens juvenis. Como se a única resposta possível para um sentido dessa vida fosse dar vazão aos seus passos inconsequentes.
Mas, deixe estar. A bússola que tinha não aponta mais nenhum Norte. Estou a esmo de mim mesmo. Estou a navegar. Os deuses também já são desacreditados e brincam com minha vulnerabilidade, testando-me através de todo tipo de adversidade. De certo, não me veste mais dizer que estou sem direção, uma vez em que nem sei mais o que foi perdido.
Turner.Chichester Canal c.1829 |
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