O Diário de Teegoh – Semana 35
O certo se desfaz nas entrelinhas das monótonas festas parisienses. Enquanto os festejos formam-se por tolos e para tolos que se arraigam as danças. E Casais se formam. E Casais se casam. E a dança continua. Incessantemente. A semana se estendeu com as pessoas visitando-nos na casa de campo que eu não imaginava à nossa família pertencer. Estou ainda nos arredores de Paris, mas o habitual cheiro da merda dos porcos me entendia, pois é igual em qualquer lugar.
Contudo, não é todo dia que recebemos a visita de uma bruxa. Mas que minhas letras soam miúdas, pois a inquisição passou, mas a iminência da guerra ainda prospera por todo canto. Ela falou-nos sobre a culpa. Em tom firme e delicado ao mesmo tempo. Toda frase muito bem marcada ao sobrecarregar suas vogais abusadamente germânicas. Curioso apontar que foi a primeira vez que uma pecadora professou em apropriado tom o sabor de ser livre. Foi assim que a minha atenção ela ganhou. Precisamente ela, que pesa o olhar com o azul do inverno poente, mas expõe em contorno de pingente uma lágrima de sangue ao invés do habitual crucifixo.
Não entendo como esta distinta senhora é amiga da minha genetriz. Tão antagônicas em suas concepções, que me parece impossível um dia terem sido amigas no colégio. Ela me intriga, mas do que minha natural inquirição sobre a amizade delas. Hoje, contudo, não passam de duas velhas senhoras a contar as horas entre um chá e outro. Mas amanhã almoçaremos juntos e, absolutamente, o tédio não será o prato principal.
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