Minha dança

Pois nem sempre pensei que o que eu queria fora mero acaso, nem tampouco acho que tudo é movido por um moinho do destino, que nos consomem a seu gosto e tempo, sendo de tal modo onde nós, como um bando de grãos soltos e inanimados, dançassem ao som de sua música e seguindo a sua coreografia.

Não! Sinto o teu braço, ao me segurar pela cintura! Sinto-me sendo conduzido pelos inesperados prazeres de uma conversa silenciosa, entre giros e improvisos, todos tão harmônicos para nós, tão contraditórios para eles... mas, quem são eles? Não sei quem são, também não me importo com isso... afinal, pode até ser que temos um limitado salão de festas, mas os pés ainda são meus, e juntos, não só desafiamos as regras do tal destino, como brincamos de criar: criamos qualquer cenário que nossa imaginação quiser.

Mas se às vezes o salão parecer ser limitado demais para a nossa dança, proponho com este gentil convite, que deixemos o salão para dançarmos à nossa musica sob a noite e suas estreladas. Olhe para todo aquele infinito, do mesmo modo, olhe para uma pequena folha de um jardim qualquer: não será difícil perceber que há imensidão até na menor partícula, assim como perceberá que o contrário também é verdadeiro.

Se nada disso te convencer, lhe darei um beijo! Pois se procura algo racional, lhe proporia achar as respostas de modo mais orgânico. Sinta o prazer que há em cada segundo, deixe descansar sua cabeça, pois, apesar de ela ser importante (isso é inegável) ainda temos um corpo todo, que nos leva a inúmeros lugares irracionais, surreais e coisas sei lá eu como nomear.

 Sobre as palavras, quando há segurança nelas, podemos usá-las como armas, ou algo do gênero... mas quando eu falo de sentimentos... desses que queimam-me por dentro, o que consigo dizer são ínfimas micropartículas da imensidão toda desse universo... mas, mesmo assim, há nesse pequeno pobre ponto um infinito, que você sabe que ele existe, mas sabe não porque consegue explicar, mas sim porque ele está dentro de ti também.

Enfim, se nada disso lhe fazer sentido, lhe convidaria então para uma outra dança... e se nada ainda adiantar... eu me sentiria feliz, pois não é minha intenção justificar (ou comprovar, ou racionar, ou qualquer outra limitação) a existência de algo, mas sim, mostrar que quem conduz essa dança também pode ser você, mesmo que o salão seja limitado, mas...

Comentários

Anônimo disse…
o mais fantástico é perceber que neste microponto que a gente tenta expressar há um infinito indescritível, que simplesmente existe, e qualquer tentativa de raciocínio o reduziria àquele microponto.
Uma construção muito bonita, Juan!
Bim.

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