Sentinelas
Olá, para os tempos em que o stress e o esgotamento trazem à tona um espelho que reflete o real para bem longe de mim. Percebo que é um esconderijo essa vida doida. Percebo agora que somos colocados em prova a cada instante e que cada gesto, por menor que aparenta ser, é capaz de causar muitos estragos. E eu pergunto: de quem é a culpa? Será que há um culpado? Será que há algo de verdade?
Antes, eu queria resolver os problemas do mundo: frustrei-me.
Depois, queria ser um dos que resolveriam os problemas do mundo: frustrei-me.
Hoje, mal consigo falar e o que eu falo não faz sentido algum, tamanha a minha pequenez. Nem sei mais se tenho que eu possa-me frustrar...
Será que há um destino? Será que tudo é provação? Será que pagamos mesmo pelos nossos atos? Será que somos donos de nós mesmos?
O que é a vida? O que é a morte? Por que alguns vivem e fazem acontecer, enquanto outros simplesmente sobrevivem? Eu me questiono nesse instante quem de fato faz acontecer, pois quais são os princípios que me apoio para avaliar essa situação? Se for o status social, não me sentiria digno de respirar nem por mais um segundo. Se for um estado transcendental e superior a qualquer coisa que classificamos mediocremente como “materiais”, não entendo porque isso é para poucos, muito, mas muito poucos mesmo. No entanto, se por fim, estamos jogados nessa jaula de mundo, onde talvez houvesse mais segurança dentro de um lago de cobras do que no mar de concreto e leis falsas que me cercam nesse instante?
Será que sou alienado? Será que sou o oposto do que eu queria ser? Mas nem sei quem eu gostaria de ser, muito menos sei quem sou... E, nesse instante nem sei o que quero fazer, falar... talvez, o caminho fosse a luz, mas, ao procura-la eu encontrei apenas um banal efeito de computador....
Por que ele se foi? Por que não eu? Por que tantas marcas... tantas perguntas sem respostas.... por que essas palavras teimam em surgir em minha monte como um turbilhão, me trazendo desespero, me trazendo dor, ódio, raiva... me trazendo lágrimas que mal servem para lavar essa fuça que cheira a explosão.
Mas, estamos tão sintetizados nessas cercas e arames que mal consigo pensar em algo esperançoso... o que essa vida quer de mim? O que quer de mim você? Por favor, me ofereça uma rosa! Pode até ser uma rosa morta, mas que ela ainda tenha um inerme odor de esperança, para que assim amanhã, ao acordar, eu reconheça o milagre dessa vida que tanto acredito... que tanto quero acreditar...
Só que o acreditar já não basta, tem que ter fé... Mas, o que é a fé, perante o inexplicável? Será que a nossa tão aclamada racionalidade não é avançada o suficiente para explicar algo que convive com o homem desde sempre? Será que somos tão hipócritas e mesquinhas a ponto de pensar que fomos capazes de resolver as grandes questões do mundo? A cada segundo, tenho mais certeza que ainda somos uma idéia, que um dia poder-se-á ser um embrião, para então depois de muito, mas muito tempo mesmo, chegar perto de ver um sobrado quebrado e se iludir novamente.
Mas que certeza é essa que digo ter se nem sei onde estou? O que digo é tão contraditório, tão mesquinha e hipócrita que faz me envergonhar de mim mesmo. Tenho vontade de ir para um lugar bem longe, onde eu possa ver todos e observar cada movimento do universo, talvez assim eu reencontre a esperança. Mas, temo que se eu arriscar tudo, posso não agüentar toda a decepção.
Comentários
...Importa não desistir daquele que, manhã após manhã, ano após ano, insiste em alimentar-se dos seus sonhos e dos ideais que foi construindo.
Frustrado?!... Nada disso! É preciso, isso sim, um pouco à semelhança do que escreveu Kipking, "...crer em ti com toda a força d'alma, quando ninguém te crê se vais faminto e nu".
Uma vez por outra, acontece alguém entender o descontinuado. Pode ser um entendimento virtual, mas tal significa que ele não está só!... Significa que a amizade pode ser possível.
Um abraço grande.