Sei lá...

Um dia... Sei lá, é meio angustiante perceber algumas coisas nessa vida, como por exemplo, minha vida que irá mudar radicalmente dentro de poucos meses. É como tudo o que eu sempre quis ser, mas agora nem mais sei que o que eu sempre quis é o que eu quero, minhas frágeis muralhas já não mais me proteguem.

Amanhã partirei... tentarei encontrar respostas novas... mas estou cansado de ser quem sou... não entenda isso de modo literal, apenas estou com preguiça de mim. Acho que não posso mais acrescentar mais nada a ninguém.

Não quero que isso soe tempestuoso demais, pois, o estranho em tudo isso, é essa extrema sensação de calmaria, como se o convicto romântico se metamorfoseasse para um moribundo existencialista.

É como se, em uma bela manhã qualquer, você não entende mais se aquilo que você faz é porque condiz com suas mutáveis convicções (mas ainda são convicções, mesmo que mutáveis) ou se está agindo apenas como mais um nessa maré avassaladora da vida moderna (ou seria pós moderna, ou então, moderníssima... tão moderna que parece estar fora do meu entender, ou será que sou eu alguém que está fora?)

E assim vai... são perguntas apenas, perguntas talvez sem fundamentos algum. São apenas perguntas e elas não se explicam, elas pedem explicações, mas quem darão essas explicações? Nesse momento eu tenho um grande medo de enlouquecer. Sinceramente, não sei se tenho capacidade de passar por tudo isso e, pior, o “tudo isso” que me refiro pode ser que nem seja algo real...

Amanhã, estou indo ao seu encontro... mas temo que o que você vai encontrar nunca mais seja o mesmo de sempre... Nunca me senti tão perdido... Nunca me senti tão medroso, tão sem coragem de enfrentar o desconhecido. Que contradição essa vida, essas palavras, esse eu que de tão cheio de sonhos, acabou por se tornar um alguém amargo, cuja fuça só exprime um falso sorriso de piedade.

Acabo por adquirir uma raiva muito grande de mim mesmo, por estar nessa situação. Minha vontade é de ficar nu! É de cortar a pele e mostrar para todos o que há por dentro de mim! Será que ninguém percebe o quanto estou sofrendo? Será que sou tão dissimulado que chego ao ápice de um ator? Mais a diferença é que os atores atuam e eu finjo!

E a vida, torna um grande cenário do irreal e eu... enquanto isso, me perco em noites onde, o sono leve me leva aos pesadelos, às aberrações desse mundo. Tenho medo de não conseguir... Tenho medo de virar pó e comida desses vermes da terra antes de poder me sentir humano.

Mas amanhã eu viajarei e, quem sabe, as coisas não mudarão? Talvez, eu dê um primeiro passo, mesmo que os próximos passos ainda sejam primeiros, pois o medo pode me fazer voltar para o mesmo ponto de partida: ao menos não estou retrocedendo. E é assim, eu sempre procuro um “ao menos”, como forma de explicar minhas falhas, minha incapacidade e falta de vontade de lutar.

No fundo, a minha revolta não é com o mundo em minha volta. Não é ver tanta dor, tanto sofrimento, tantas mortes e tanto preconceito, acho que é perceber que eu sou exatamente isso: sou exatamente o que tanto odeio nesse mundo!

Perceber isso machuca muito, é como se a máscara caísse e o reflexo do espelho fosse a feição do que se tem de pior. Talvez a fuça que tanto escondi atrás dessa mascara não era para proteger-me, mas sim, era minha fuga de mim mesmo contra a tamanha pequenez que me tornei, era para me iludir e pensar que um dia, o mundo estaria melhor para então uma pessoa boa, como eu, viver nele sem máscaras...

Comentários

Paulo disse…
Oi Juam,
aqui é o Paulo amigo da Paula. Vi o link do seu blog no dela. Realmente, muito legal.
Quando você pergunta "Será que ninguém percebe o quanto estou sofrendo?". Tenha a certeza que sempre há alguém que percebe. Talvez por medo, ou decoro, ou qualquer outra impossibilidade - um pouco como Parsifal e o rei - a pergunta não é feita. Mas tenha sempre a certeza de que algumas pessoas, do outro lado, sabem. Pode não resolver, mas traz algum conforto.
Paulo

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