No Palco com os Estranhos Familiares

“Did I grow up according to the plan?
And do you think I'm wasting my time doing things I wanna do?
But it hurts when you disapprove all along”


Esse negócio de família é muito estranho mesmo! Às vezes o que se tem é vontade de sair correndo e deixar todos falando com as paredes (principalmente quando falam em muito bom tom...), em outras horas, a vontade é de largar tudo só para ajudar, mesmo que seja para abrir aquela lata chata que só o dono consegue abrir.

Quando se está longe, a vida ganha a face de camarote, onde os protagonistas enfrentam os desafios de respirar enquanto aquele que partiu assiste de lugar privilegiado e analisa criticamente o que se passa. Só que em alguns dias, aquele que partiu retorna para ao palco e se sente incomodado pois a sensação é que não se pisa com os sapatos de sair no palco da vida.

Ai vem os sons, as palavras, as dificuldades e as diferenças... Chegam as coisas que se vê como erradas, mas que podem não ser tão erradas, pois se elas são assim é por que simplesmente são como são e eu, mesmo que no palco dessa vida e mesmo sendo um dos protagonistas dessa história, meu papel é correr por ai, sem lá tantas coisas para pensar à não ser nas doces ilusões de o mundo salvar. Mas é quando estou sob o palco e as luzes ofuscam minha visão, que minha mente se abre e eu vejo com o coração.

Vêm os cheiros e os gostos de lembrar-me a infância e bons momentos, só que agora o cheiro do doce de leite vem acompanhado do amargo pesar das dificuldades que atentam a levar nossas lágrimas, que são lágrimas de gente que luta para se ver um bom futuro. São aqueles sacrifícios que não deixam cicatrizes na carne, mas que marcam as almas para sempre com as insígnias dos bem aventurados.

Mais que uma prece, eu rogo a Deus para que ilumine as famílias do mundo. Principalmente naqueles momentos em que , mesmo cravado no peito o amor incondicional à sua estirpe, um filho se sente tão fora da realidade ensaiada que deseja partir. Faça-o descobrir que por detrás daquelas doidas encenações do cotidiano maltrapilho estão as almas que lhe querem bem. Eu tento...


“And now I try hard to make it
I just wanna make you proud
I'm never gonna be good enough for you
I can't pretend that
I'm alright
And you can't change me”
(Simple Plan – Perfect)
PS: Esse foi um dos raros textos que, ao escreve-lo, chorei.

Comentários

É verdade, tudo muito real! Estar no palco da família, voltar ao berço nos tras grandes reflexões e resoluções sobre a vida em sociedade. Em casa sinto, ao mesmo tempo, o peso do tempo curto para distribuir meu carinho a todos e a valentia de tentar transformar situações que no nosso ponto de vista estão erradas... Sair e ver um pouco do mundo sozinho e voltar para o ninho como um mer visitante não é fácil...
Juan, me identifiquei muito com o que você escreveu!!
Abraços

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