O lugar em que te encontro

Anton Kolig.1886-1950. Sitting Young Man.1919.


É atrapalhado os sentidos sobre esse bem querer que cultivo por ti. Porém, de todas as faces que ele já tomou, a que mais me encanta é a da cumplicidade. Tem vezes, devo confessar, que a consciência se torna turva, por conta dos gestos dos desejos. Não vejo motivo para negá-los. Mas no deserto de sentido que se faz o mundo hoje, tenho pressa de espantar essa solidão encrostada sob minha pele que me faz desacreditar na possibilidade de criar vínculos. 

Não dou créditos aos acasos, tampouco ao destino. Esses dois pesos não medem os meus dias. Assim como não denominam os vazios de mim mesmo. Nos encontramos nas tortas estradas virtuais, onde os meus anseios e expectativas foram tratadas de forma gentil. É fértil a terra, onde descansamos os nossos pés dos calçados impostos por tanta gente boçal. Mesmo que esta terra esteja maltratada pelas falácias rotineiras que tanto nos transtorna.

A ideia de deixar de ser esse bem querer que tenho, não me parece certo. A placidez dos dias não me incomoda, porém, me desmorona a impossibilidade imposta como a construção de uma muralha, a me distanciar de algo engrandecedor. Afinal, minha carência não é física. É intelectual. Assim como meu sexo está muito além do corpo, e não preciso mesmo de qualquer definição. Preciso de respeito, de possibilidade, de empatia.

Quando penso em você, tenho vontade de saber como tem sido teu dia, o sabor do teu café e o que mais o cativou entre um caminho ou outro que andou. Mas, veja bem, não quero que pense que eu romantize o cotidiano. Pelo contrário, tento encontrar as arestas dele! Para fugir de tanto descompromisso com a vida. Eu busco naturalizar os gestos que estão para além das máscaras de usamos. É justamente nesse lugar que eu te encontro.

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