A metamorfose ou O triste fim de um trapo
Acordei num canto escuro. Sentia meu corpo junto ao chão gelado. Já não era mais de carne. Não tinha sangue correndo em mim. Contudo, sentia cada expecto se formar ao sentir os tantos e variados odores de você. Ao mesmo tempo em que via as estrelinhas de poeira dançar naquele espaço, e tentava me enganar que aquilo tudo teria sido feito pensado em mim. Aos poucos, o quarto fez-se campo e assim um jardim imenso se formou, apenas pela minha força de vontade. Plantei e esperei pacientemente para colher minhas expectativas, cuidadas de maneira fraternal. Mas elas não brotaram. Os teus passos eram pesados demais e aniquilaram qualquer possibilidade de um novo ciclo. A essa altura, minha cor se desbotou. Não passava de um pedaço de pano sujo, daqueles que mal servem para limpar as indesejáveis fezes de um cachorro sarnento. Não podia ir contra a metamorfose de ser um não ser, contudo, perceber o meu deteriorar cada vez mais rápido ao limpar seus pés e suas bagunças egoístas não foi