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Mostrando postagens de julho, 2016

A metamorfose ou O triste fim de um trapo

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Acordei num canto escuro. Sentia meu corpo junto ao chão gelado. Já não era mais de carne. Não tinha sangue correndo em mim. Contudo, sentia cada expecto se formar ao sentir os tantos e variados odores de você. Ao mesmo tempo em que via as estrelinhas de poeira dançar naquele espaço, e tentava me enganar que aquilo tudo teria sido feito pensado em mim. Aos poucos, o quarto fez-se campo e assim um jardim imenso se formou, apenas pela minha força de vontade. Plantei e esperei pacientemente para colher minhas expectativas, cuidadas de maneira fraternal. Mas elas não brotaram. Os teus passos eram pesados demais e aniquilaram qualquer possibilidade de um novo ciclo. A essa altura, minha cor se desbotou. Não passava de um pedaço de pano sujo, daqueles que mal servem para limpar as indesejáveis fezes de um cachorro sarnento. Não podia ir contra a metamorfose de ser um não ser, contudo, perceber o meu deteriorar cada vez mais rápido ao limpar seus pés e suas bagunças egoístas não foi

O meu meu

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O meu meu, eu encontrei na esquina,  bem no cruzamento da solidão com a carência; Ele estava despido de ajuizadas intenções,  pois preferia carregar a necessidade do imediato O meu meu me fez esquecer o nefasto ao me mostrar todas as volúpias do seu sorriso; Ele trazia a alegria para um cotidiano pálido, o que eu não sabia era que ele não era só pra mim. O meu meu continuou a ser o que era, e já não cabia nas molduras que encomendei. Ele era um furor mascarado na juventude, cujas escolhas se pautavam no imediato O meu meu já não era mais meu, E então, percebi, que ele nunca me foi meu Ele ocupava o limiar das possibilidades para ser um pouco de si, para si mesmo. E, como dito assim foi, sem por nem tirar. Ele foi o que quis ser, invariavelmente... Sem ser de ninguém, nem dele mesmo. ... Compartment C, car 293 - Edward Hopper, 1938

O Desajustado

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Olhei para você, com olhos atentos, a fim de encontrar uma nova tonalidade nessa aquarela anárquica chamada sentimentos. Busquei os prazeres para o além de auto afirmar a frágil dignidade dos trinta e poucos anos, pois queria, na sutileza, descobrir que há possibilidade em surpreender-me através das brechas institucionais que nos acorrentam no cotidiano. Queria ser algo além do que um ventríloquo social, mesmo que apenas entre nossas quatro paredes alugadas ou margens desse retrato... Pensei que poderíamos ser mais que isso. A tela que reservei para você não estava em branco. Afinal, nenhuma boa história é contada a partir das distrações de uma suposta perfeição monocromática. Não precisava ser verbalizado, mas o caminho que podíamos percorrer juntos não teve o início em bodas de papel. Quis eu te ver, acima dos meus instintos e desejos. Por infortúnio, eu consegui o que queria. E no gozo daquilo que dizer resguardar para alguém especial, te trouxe todo o torpor de uma vida simple