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É a constante necessidade de movimento, exatamente como um tubarão em mar aberto. Somente assim não há morte, pois não se esquece. Mesmo ao escolher reprimir ou explorar, não se esquece. Mas se transforma, apenas isso. Muda-se os móveis de lugar, as ideias de lugar. Muda-se a forma de encarar as coisas. Pode até ser mais empático, mais individualista, mais feliz ou apático. Não importa, nada importa.
São nossas diferenças que nos unem. Mas o que seriam essas diferenças se não invenções do cotidiano que só servem para a gente querer quebrar a cabeça e demonstrar ser o que somos no contrário daquilo que imaginamos ser? Nossas diferenças são acasos, assim como nossas certezas, nossas inseguranças e tudo mais que dizemos ser nos mesmos. São cotidianos imaginados que temos e brincamos de ser o real.
Não sou mais o que eu fui, mas também não sou o que poderia ser, nem metade de qualquer parte. Sou classificável, vil e pequeno entre meus achismos que viram certezas, que viram vontades e que se transformam em você. E você não é nada menos do que poderia deixar de ser o que lhe escapa. Você é eu no que tange a significância. Somos sempre dois terços entre o nada e uma vontade utópica.
Magritte
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