O Maquinista (Parte 02) - Sobre a Graça da Posse
Aos poucos aquele galpão se tornou nossa casa. E os estranhos, uma cooperativa de individualistas. Não ficamos por lá tempo suficiente para escrever a história de gerações, mas isso também não se fazia necessário. Foi tempo suficiente para descobrir que logo ali havia uma encruzilhada e o maquinista que não existia, escolheu a revelia invadir aquele portal, ou túnel, ou passagem... seja o que for tinha aspecto de abandonado. Era, por fim, um imenso galpão. Percebi que havia confiado minha condução a um maquinista que não existia e agora, sem poder culpar algo que não existe, só me restava lidar com a situação exatamente do jeito que ela se apresentava. Foi o galpão que fizemos de lar, ou melhor, que invadimos e fizemos de lar. Logo em seguida chegou a família que morava lá. A mulher era irmã de uma grande amiga genericamente desconhecida, mas que ansiava por notícias (Mas, da mesma forma que nunca soube que ela tivera tido, de fato, uma irmã eu também nunca tive notícias dela).