O Crepúsculo da Esperança
Se, por ventura, os nossos olhares se encontrassem
Em um dia como qualquer outro, saberíamos o sabor
Da conjunção das estrelas. Em tal gozo geraria o
Afastamento da dúvida ou da insegurança do corpo
Pois nada mais existira à não ser o desejo do amor.
De todo modo, os nossos olhares não se encontram mais
Eles parecem perdidos, sem seus devaneios, ou melhor,
Em suas concretas concepções do absurdo absoluto...
Sem importarmos se a distância é algo palpável
Nossos dias são escritas solitárias, que esperam o amanhecer.
Se, por ventura, os nossos olhares se perderem um no outro
Talvez percebamos que a distância seja um obstáculo
Das palavras, cuja forma desistimos de procurar...
Somos incapazes de concluirmos, mas isso não me amola:
Busco apenas aquele abraço perdido que eu tive um dia.
[texto escrito durante uma palestra chata em 18 de Março de 2010. O curioso, pra mim, é lê-lo tão atual na minha vida. Curioso e Melancólico]
Comentários
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Antes que a luz se apague e no peito se aconchegue a navegável estrutura do silêncio - antes que um abraço transforme a distância num conceito inexistente - tocam-se os lábios fascinados pelo sabor da ternura.
Os relógios não importam. Basta a cadência de cada um dos segundos que se projectam nas almas.
Os olhos afundam-se no oceano de uns olhos sem mácula. Os dedos percorrem as margens de um corpo à luz dos lençóis. Um sorriso quase tímido e, mesmo assim, transbordante, preenche os cantos do quarto. Os cantos todos da vida.
E chega, enfim, o instante em que a música se introduz na fronteira dos sentidos. O tempo passa depressa. Os sonhos, esses, embarcam de novo na noite que chega.