De volta à inocência

Parte 1: a vinda do sem rosto


Os dedos tocam o contorno do teu rosto
enquanto cultivo o privilégio de perceber
o nascer brilho dos olhos recém lavados
pelas lágrimas de uma tristeza que se foi

Contidos e abafados foram os teus gritos
mas nem as cicatrizes da violência vivida
foram capazes de impedir que um sorriso
alcançasse os teus doces e brasis lábios.

Contudo, vejo que rasteiras lembranças
teimam em limitar o gesto da felicidade
onde os ombros calejados se encolhem
em busca da proteção do abraço amigo

Sei que sou apenas um rosto disforme
ou uma voz inaudível na tua memória.
Mas são entre frias linhas que procuro
o dia em que um abraço poderei te dar

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