Essa tempestade

Eu pensei que tempestades como esta só existissem em mar aberto ou em qualquer outro lugar, todos longe deste castelo. E pra onde eu vou? E essas pessoas gritando em meu entorno? Eu sei que toda essa agitação não foi causada por um único elemento, pois nem mais a terra se cala frente à inquietação das águas e dos céus...

Talvez seja isso: talvez eu deva deixar esse barco e entregar-me as águas das tormentas... talvez isso acalmaria tudo e tudo voltaria para o normal... mas, eu me pergunto: quando teve algo normal nesse mar?

Eu saí para tentar encontrar você... pensei ser capaz de te ajudar, de nos salvar... Quando estava ainda no farol, ao te avistar lá longe, na linha de um horizonte que não só parecia escancarar as minhas limitações de perceber o mundo, mas também, se não sobretudo, mostrar que há muito além daquilo que acredito ser possível...

Senti raiva das minhas limitações. Senti a pequenez em que nos submetemos viver... Hoje me pergunto se valeu a pena tudo isso? Tantos desvios... tantas bobeiras... tanto tempo jogado fora enquanto o que precisávamos era apenas ser compreensivos um com o outro... Para quê tanta descrença no mundo?

Agora, estou à deriva... estou jogado e por conta de uma calmaria milagrosa que nem mais sei se acredito que ela exista... Não há mais o que perder e também não me preocupo com isso, afinal, estou no mar e tenho esses dois braços cansados apenas, talvez se houvesse mais união, creio que quatro braços poderiam remar mais rápido e, no final, todos chegaríamos a algum lugar... chegaríamos salvos.

Foi tudo jogado à deriva... agora resta saber o que vai ser recuperado e levado adiante... Eu sei, esta água esta muito fria... eu quase não consigo respirar... o barulho das ondas se desmanchando brutalmente contra as pedras é ensurdecedor... e as gotas de chuvas são navalhas a cortar minha alma...

Será que teremos calmaria amanhã?



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