A Queda (número 10.000 e outros tantos)
Se um dia, por acaso, chegares até mim com palavras doces para me dizer que a contrariedade dos atos são sempre reflexos de nossa humanidade, concordarei contigo, porém sempre há a possibilidade de sermos mais do que vítimas de nossa própria humanidade.
Sei que não sou, nem de longe, o melhor exemplo de sincronismo ou de coerência. Sempre contei com a sinceridade como álibi para se ter uma convivência afetiva próxima e construtiva. Em qualquer relação, desde uma amizade singela até os amores mais profundos, pensava que a melhor forma de se construir bons alicerces afetivos é saber que somos absurdamente rascunhos de nós mesmos...
Por sermos contraditórios, à ponto de não saber lidar com nós mesmos, idealizamos e criamos um mundo imaginário cheio de expectativas, onde príncipes vivem, onde fadas cuidam para deixar o mal bem longe de nós, onde palavras são sempre poesias e a alma acalma até os mais zangados.
Idealizamos o mundo, idealizamos os outros e quando nos deparamos com certas pessoas especiais, às julgamos serem elas a salvação, à nossa salvação... Acreditei que um dia, de fato, encontraria um porto seguro. Hoje percebo que não há um porto seguro, pois não há nenhuma estabilidade, o meu porto-seguro é móvel e tem que ser veloz para não submergir nas prolíferas lamúrias das falsas expectativas.
A esperança, contudo, parece-me ser um bom alimento aos Arlequins. Pois, de certo modo, não é difícil olhar nas páginas dos jornais e encontrar flores, afinal, só depende de quem olha. Porém, o problema se instala quando os lapsos da caverna escura lhe fazem sentir o cheiro de mofo nas pétalas de papel; lhe fazem perceber que o gosto não é mais o adocicado, ele é tóxico, “contaminante”!
A esperança, também, mantém-nos vivo, pois, se há flores neste jardim que não são verdadeiras, existem outras que ainda soam um cantar ao sol amarelo nos amanheceres de primavera. Podem ser poucas e incompletas, mas elas existem, e, às vezes, elas estão mais próximas de ti. Só precisamos enxergar.
A esperança, por fim (mas não um fim fim-mesmo, daquele do tipo definitivo) nos engana ao fazer de nós marionetes de ilusões. Procuramos os cavalos brancos, as pedras raras, as histórias nunca contadas... sendo que talvez o que nos estrutura para procurar tudo isso são as sólidas os sapatos gastos, aqueles que nos dão tudo, sem nada pedir em troca.
Hoje, muito mais do que qualquer outro dia, sei que devo lidar muito mais comigo mesmo do que com os demais. Não é um ato individualista este que vos digo, é porém, um ato solitário, de auto-encontrar-se... Afinal, o que adianta pensar no amor, em construir planos em cima de alicerces que podem ser tão frágeis como os fios de cabelos? A única coisa que tenho sou eu mesmo!
E eu sou de ninguém....
Sou de ninguém....
Sou de mim mesmo...
Sou de ninguém...
Sou...
Eu sou!
Sei que não sou, nem de longe, o melhor exemplo de sincronismo ou de coerência. Sempre contei com a sinceridade como álibi para se ter uma convivência afetiva próxima e construtiva. Em qualquer relação, desde uma amizade singela até os amores mais profundos, pensava que a melhor forma de se construir bons alicerces afetivos é saber que somos absurdamente rascunhos de nós mesmos...
Por sermos contraditórios, à ponto de não saber lidar com nós mesmos, idealizamos e criamos um mundo imaginário cheio de expectativas, onde príncipes vivem, onde fadas cuidam para deixar o mal bem longe de nós, onde palavras são sempre poesias e a alma acalma até os mais zangados.
Idealizamos o mundo, idealizamos os outros e quando nos deparamos com certas pessoas especiais, às julgamos serem elas a salvação, à nossa salvação... Acreditei que um dia, de fato, encontraria um porto seguro. Hoje percebo que não há um porto seguro, pois não há nenhuma estabilidade, o meu porto-seguro é móvel e tem que ser veloz para não submergir nas prolíferas lamúrias das falsas expectativas.
A esperança, contudo, parece-me ser um bom alimento aos Arlequins. Pois, de certo modo, não é difícil olhar nas páginas dos jornais e encontrar flores, afinal, só depende de quem olha. Porém, o problema se instala quando os lapsos da caverna escura lhe fazem sentir o cheiro de mofo nas pétalas de papel; lhe fazem perceber que o gosto não é mais o adocicado, ele é tóxico, “contaminante”!
A esperança, também, mantém-nos vivo, pois, se há flores neste jardim que não são verdadeiras, existem outras que ainda soam um cantar ao sol amarelo nos amanheceres de primavera. Podem ser poucas e incompletas, mas elas existem, e, às vezes, elas estão mais próximas de ti. Só precisamos enxergar.
A esperança, por fim (mas não um fim fim-mesmo, daquele do tipo definitivo) nos engana ao fazer de nós marionetes de ilusões. Procuramos os cavalos brancos, as pedras raras, as histórias nunca contadas... sendo que talvez o que nos estrutura para procurar tudo isso são as sólidas os sapatos gastos, aqueles que nos dão tudo, sem nada pedir em troca.
Hoje, muito mais do que qualquer outro dia, sei que devo lidar muito mais comigo mesmo do que com os demais. Não é um ato individualista este que vos digo, é porém, um ato solitário, de auto-encontrar-se... Afinal, o que adianta pensar no amor, em construir planos em cima de alicerces que podem ser tão frágeis como os fios de cabelos? A única coisa que tenho sou eu mesmo!
E eu sou de ninguém....
Sou de ninguém....
Sou de mim mesmo...
Sou de ninguém...
Sou...
Eu sou!
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