Uma História Não-Tão-Agradável
Estou pensando sobre os erros, sobre as coisas que deixei de fazer e sobre aquelas outras não tive forças para mudar...
Parei outro dia para tentar encontrar algum significado para tamanha violência, tamanha hipocrisia e falsidade. Percebi que as minhas máscaras são véus de seda perto das máscaras de chumbo e aço dos desalmados.
Hoje, queria eu ter escrito sobre algo não censurado, sobre meu amor e as flores que vi naquele dia qualquer, porém único. Queria falar de um ano. Queria falar dos meus sonhos, mas ao lembrar dos sonhos lembro-me que um deles foi guardado no baú das lembranças sofríveis.
É um jogo não jogável, onde as regras não só tem dois pesos e duas medidas, mas como elas simplesmente mudam a hora que ele bem entender, pois ele está acima de mim e pensa estar acima de todos, por isso ele é quem dita as regras, e eu (risos) eu sou um simples coitado que espera no fim do mês o pão que mofou no armário do esquecimento, e ainda, se ele pensar que eu não sou merecedor, o pão vai para os porcos.
Não creio que as pessoas devam sofrer para aprender lições, mesmo sabendo que este é um caminho de aprendizado comprovado. Penso que temos a capacidade de assimilar qualquer coisa sem termos que sentir na pele a dor da decepção. Mesmo que você possa não concordar comigo, acredito que você crê que a vida é curta demais para errarmos tudo para então aprendermos.
Infelizmente, dessa vez eu aprendi da forma mais dura e cruel. Aprendi que podemos esperar muita coisa ruim daqueles que detêm certo poder, mesmo que esse poder esteja dentro de um mundinho tão pequeno e insignificante. Ele faz tudo parecer grandioso, eloqüente, magnífico... eu só me pergunto para que todo esse barulho em torno de algo tão mais simples e que na verdade está literalmente jogado as traças (pois de muito querer bancar a festa para a corte, toda a essência é jogada fora já que ela e o orgulho não coabitam a mesma pessoa). Será que é orgulho ferido? Será que é auto-afirmação? Pois em um mundo de títulos, quem não os têm talvez seu preço seja um pouco mais do que o preço de um saco de estrume. Mas para não ser vendido às moscas, enfeitam-se bem a caixa de presente, enganando os pobres corações ingênuos!
Ainda há um certo rancor em minha mente ao lembrar alguns fatos não-tão-distantes, mas agora eles foram amenizados graças ao mel das palavras de uma nova esperança. Às vezes passamos por situações que se fossem lidas ou assistidas em algum meio de comunicação seriam interpretadas como irreais, incoerente, pois são tão absurdas, mesquinhas e nojentas que fica difícil acreditar que ainda há pessoas capazes de agir pior que as malvadas madrastas dos contos de fadas.
Mas como todo conto de fada há um final feliz, o meu não poderia ter sido diferente. Só queria que as pessoas olhassem para o mundinho dele e percebessem que um sonho foi cortado porque ele percebeu que eu já o via por detrás das máscaras. Mas na verdade o culpado sou eu, afinal eu não vestia mais a roupa de bobo da corte e não apoiava mais suas insanas verdades: eu não era mais um dos seus degraus do palanque. Aí, a situação fica fácil para ele, já que ele tem a chave do poder: é só inventar que eu não quero mais fingir (nas palavras dele, trabalhar) e contratar uma outra vítima para continuar tudo exatamente como está, à espera da poeira e do tempo.
Talvez não seja minha intenção fazer-me claro nessas palavras. Queria na verdade era gritar, mesmo no silêncio dessas palavras. Enfim, cansei dessa história... Devo voltar agora para meu castelo de cristal e um chá servir aos fantasmas das ilusões para comemorar mais uma alforria conquistada.
Comentários
Não sei onde estou lá. Talvez em lugar nenhum, a parte, mas tentando me encontrar (ou me esconder) no sarcasmo e na ironia.
A política me aflige, me irrita, me causa dano físico. Mas vai demorar pra mudar, julgo eu. Não apostaria, porque não aposto no que quero perder...
E você? Dos vários sentidos do que escreveu, só posso entender um.
Por enquanto.