Uma Decisão...

Às vezes quero ser claro, mas não consigo. Às vezes quero dizer algo, e digo o contrário. Às vezes eu sou eu, às vezes nem eu sei quem sou... e assim vou tentando saber a que horas estou com fome... quando descobrir, vou ter alguns segundos felizes.
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Enquanto isso, penso sobre isso:
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Nascer, como o despertar daquela manha fria de inverno. Sair para algum lugar, mesmo que sem rumo algum, somente para sentir o rosto enrubescer.
Verde, a luz do dia é verde e afronta com o róseo do céu. Teu corpo vive, é possível sentir o sangue lutar desesperadamente para aquecê-lo. Ele está só e nu, não há mais nada que cubra a vergonha do seu fim, se houver algum fim. Os pés parecem trincar, a boca está num ritmo tão acelerado tamanha a tremedeira que ele não consegue nem mais saber se os lábios ainda vivem.
O céu não quer mais presenciar o desacreditado mancebo ermo na alvorada do quinto ano da desfalecência do amor e, impiedosamente, manda, para rescindir com o róseo firmamento, que já estaria para se alaranjar, as Brumas prateadas.
Não havia mais nada, apenas a alameda das reminiscências, que ele não tinha como se afeiçoar, pois o que queria não o tinha e tudo que recordava, não era base para continuar: era fomento para ceder.
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Admitir, como aquela tarde solitária do final de Maio, que tudo se vai, assim como aquela bondosa senhora que passou por ti e você tão alheio, ela tão anódina a ti, que mesmo sabendo que ela morreu naquela mesma tarde, você nunca vai se quer imaginar ela passando por você há poucas horas... Mas, um dia, quando o tempo já não for mais o condutor do veículo vital, você perceberá, e se arrependerá amargamente por não ter notado aquela tão recatada e tão insignificante senhora.
O universo, teus pés e teus sonhos... Tua vida que a ti só pertence: teu ser... Tão seu que de ti passou para o grande norte a finura de não estar mais com aquilo que não quer daquele mesmo modo... ou será que o mito do Possuidor do mundo, não existe? Será tudo uma grande fantasia para que se abandone no mar da imagem do triunfo?
O que é da tua pessoa a não tua própria assombração? Tua alma, que tanto alteio por saber, pois dela só posso ter o ego, e ela é de ti mesmo e somente de ti, de ninguém mais.
Ele ainda anda pela alameda dos pensamentos e tem a mesma convicção. Quais são esses adágios que querem de você o afastar? Continua seu passeio pelas reminiscências, e eu não posso fazer nada, não tenho grandes asas para ir ao seu encontro. Teus olhos, teus lindos olhos cor da manhã de inverno...que lágrimas são essas? Há receio em seu olhar? Ou já são as saudades que se mostram maiores que tuas pretensões?
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Morrer, assim como a noite sem nenhuma estrela do frio meio de agosto... Medo, pois agora é tarde e tenho que partir sem ao menos sair do meu buraco dos vermes. Se vá, e só deixa para mim a casa vazia. Não há mais ninguém lá, teus pais se foram, teus amigos se foram e você também vai. E eu? Eu fico, pois você não vai ceder e isso me faz ficar e viver. Vivo porque vives! Sou mais que uma porção de ilusões, sou mais que emoções de borboletas, porém sou menos que um nada e posso quase tudo. Só sua assombração te pertence... Somente ela... e ela vive dentro de algo que não é de ti.
Que frio está teu rosto, mas não vai mais assim ficar, meu calor a de te aquecer, mesmo que para isso minha vida pra ti hei de passar. Que essas asas sirvam como mantas para ti, que meu corpo seja fonte de calor e esperança.
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Pensar. Será tarde demais? Não vejo que horas devem ser, mas consegui estar contigo, e não vou de ti sair. O céu não nos mostra nem uma estrela se quer, as brumas prateadas nos envolvem num misto de entradas e saídas, de começos e fim...
Mas o fim é presente e se aproxima cautelosamente. Ele sorri amargamente para mim e tira meu calor e minha esperança. Não estou mais respirando, ele me beijou, sinto o gosto do beijo da morte entrando em mim e me consumindo por dentro. Meu corpo não responde mais... Fuja Ser de Grande Sorriso! Saia desse lugar e encontre o alvorecer do dia próximo para mim, e avise que mesmo sem as minhas asas, eu apareço um dia desses por lá. Não vou deixar você padecer... não me deixe... não me deixe dessa maneira...

Comentários

Anônimo disse…
O palhaço sabe que é ilusão. Mas, como o filho pobre da empregada, num Natal de patrões ricos, pensa q tudo que é belo e caro também é pra ele. Ilusão. Vê motivos, vê entrelinhas, percebe até os 'olhos verdes da manhã', a 'noite no meio de Agosto', quando partirá. Ilusão supor que as asas desse anjo são para um triste Arlequim. Não sabe ele que anjos são divinos?! Que seus corações já têm outro amor? Como pode um Arlequim desejar ser amado por um anjo? Basta-lhe então, amá-lo. Mesmo que não em tanto silêncio quanto deveria. Mesmo assim, ilude-se crendo ser para ele tais palavras que leu. E de ilusões entende. Sabe q servem para serem desfeitas como brumas de pensamentos. Mesmo assim, o arlequim continua amando seu anjo. Porque sabe que em esta benevolência angelical é sua forma de correspondência. Só não se sabe se ainda basta ao Arlequim isso apenas.

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