Carta de um aborto
Aos poucos, a voz foi baixando, justo quando me levanto da mesa de almoço. As travessas ainda pesadas das medidas perdidas, cuja única vantagem era poder alimentar qualquer esperança perdida de entendimento. Ele não olhou para os meus olhos em momento algum. Havia medo em se reconhecer, ou eu lhe causava todos os rancores possíveis. Aqueles rancores que mesmo quando caídos no deslembro, ainda se faz presente no nosso temperamento e se tornam engrenagens das inseguranças e invejas alheia. As lagrimas vieram e eu não queria me acostumar vê-lo chorar. Mas a rotina nos traz apenas lágrimas entre as pontes intermináveis de silêncio entre um encontro e outro. Ele acendia o cigarro para tentar se acalmar. A voz se esvaziava algumas vezes, enquanto tentava brigar por espaço com as lagrimas. Nunca imaginei que poderia ser o passado tão presente, mesmo que quando todos desejam dias melhores. Enquanto eu me preocupava apenas em não me olhar no espelho das palavras, mesmo dedilhando em alguma