Hoje não, Talvez Amanhã...

Oi. Já há algum tempo queria escrever algo para esse lugar que considero mágico. Confesso que nessas longas semanas meu tato para a escrita esteve bem aguçado. Exasperado demais diria eu, o suficiente para não achar apropriado colocar no meu refúgio tais palavras, as quais guardarei na eternidade até que a coragem (ou vontade) deixe-me dá-lhes vida.
Dos meus sonhos, das minhas atitudes e meus medos, quase tudo queria dividir com as pessoas, mas não me sinto bom para isso, ao contrário, acho que tudo que digo são apenas fugas, coisas que queria dizer para mim mesmo e não tenho coragem, coisas que queria assumir e não posso.
Caros amigos, nobres desconhecidos de si mesmos assim como eu, das minhas palavras retiro apenas os erros de português (que tanto lutam em mostrar-me tamanha pequenez é a minha pessoa), o restante é para que os descontinuados não percam a criança.

Até logo, ou não.
Juan

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Parece que em tudo aquele que acreditava, hoje não acredito mais. Talvez seja apenas um momento ruim, uma fase em que um pesadelo insiste em atormentar as minhas noites.
Queria acreditar que amanhã vai ser um dia melhor. Mas não vai ser! Não sei mais nada e a cada dia percebo-me mais inseguro, me sinto feio, sem lugar onde ficar, ou para onde ir.
Hoje não acredito em mais nada, por um momento pareço não ser capaz de fazer alguém feliz, de mudar o mundo e ajudar as pessoas. Talvez amanhã vou estar melhor, talvez amanhã o dia esteja mais bonito dentro de mim e o amanhã me traga meu amor.

Eu acreditava que tudo ia ficar bem, mas não é assim no mundo real, não é assim nem aqui e nem no meu mundinho de sonhos.
Talvez esteja enganado, talvez tudo não passa de uma grande conspiração de mim mesmo, a autodestruição da esperança que julga ser de bom modo nadar ao meu encontro e resgatar-me dos devaneios da solidão.
Não queria ser assim hoje, mas só é isso que consigo pensar. Não consigo comer, pois me sinto enojado de mim mesmo e acho que vou vomitar.

Está claro para mim, o meu destino não pode ser outro. Conheci o amor, conheci a dor e a falta que fica no coração depois da tua partida. Talvez amanhã eu encontre algo para me apoiar, mesmo que os meus pés estejam cansados, acho que ainda não devo desistir, acho até que não devia desistir, mas hoje não penso em outra coisa.

É estranho ser uma mutação constante. Não gosto de ser tão vulnerável aos meus sentimentos. Queria ter um pouco mais de controle e não me deixar banhar nas águas da desarmonia.

Sou egoísta demais, individualista demais e sonhador demais. Sei que hoje há sonhos impossíveis para mim. Sei que hoje não sou capaz de nada. Talvez amanhã esteja melhor e dê alguns passos para o improvável.

Meu corpo arde contra mim, ele não para de mostrar-me que nem tudo está me fazendo bem. Sinto-me doente às vezes, e também não me sinto capaz de segurar a imensidão desse mundo e de outros tantos. Acho que eu não estou preparado para nada. Não estou preparado para amar intensamente, pois tenho medo de sofrer e de te fazer sofrer. Acho que não sei que sou, por isso nem sei eu mesmo.

Talvez amanhã eu acorde melhor. Hoje só me resta a companhia dos meus livros...
Talvez amanhã eu o encontre, nesses becos da vida...
Talvez amanhã encontre a religião perdida e a grandiosidade da vida...

Sei que posso parecer contraditório para alguns, ou melhor, sou contraditório quase sempre, desculpe-me por ser desse jeito. Desculpe-me por não controlar essas lágrimas. Ainda preciso aprender meu caminho.

Acho que se um dia eu cheguei perto da minha essência descobri o suficiente para não desistir. Uma única palavra que pode ser doce e emitir as notas dos aventurados, ser forte e trazer boas novas, porém, com os mesmos ventos que trazem os bons momentos, são soprados para longe, para bem longe tudo o que se deseja. A palavra que me refiro é descontinuado. Descontinuo a ser aquilo que não fui, mesmo sem saber por que horas minha barca caminha. De tanto não continuar, a esperança, doce criança alada, brinca no meu coração e bate na minha cabeça com um de seus brinquedos enfeitiçados. Às vezes, paro de pensar nas conseqüências, noutras delas sou uma coruja de prudência.

Hoje, sou covarde e de nada capaz de fazer. Talvez amanhã esteja melhor.

Algumas horas depois:

E com um sorriso, meio que inesperado, porém sempre esperado e bem-vindo (vai entender!) faz-me levantar das terras dos sofredores e seguir adiante, com medo, confesso, porém sem perder a criança que cuida do céu azul claro do meu mundo.