O fio da memória e os cabelos teus
O mais sádico dos prazeres configura-se naquilo que percorre os meus pensamentos. De tudo, ou cada parte – se-pa-ra-da-mente. Sou o que restou da incompletude dos sonhos de outrora e, devo admitir, é uma tarefa homérica deixar o castelo de cristal pois não consigo olhar para trás e deixar de lembrar os louros cabelos do meu primeiro amor a cambalear maliciosamente na ingenuidade da puberdade. Amor sete vezes amor. Sete anos construindo tijolo por tijolo desde castelo, para então cá repousar num sono profundo o precioso e imaculado vaso de mim mesmo. Deste modo, preservei-me intocado dos prazeres e dos gestos mortais, protegido pelas chaves da esperança de um final feliz. Com o tempo, os fulgores dos fios de seda que compunham os motivos da minha missão tornaram-se rotineiros marrons. Mas, mesmo assim, percebi que a beleza que eu via antes, estava a minha espera nos caminhos do prazer. Eu estava preparado para receber o sabor do delírio contigo. Você não, contudo. Hoje a confluên