Ele

Ao banhar-se, ele sentia os dedos correr pelo corpo e pensava no que poderia acontecer naquele dia. Era uma manhã fria e o que ele tinha era apenas ele e seus pensamentos. A água quente tocava cada parte dos proibidos cantos daquele varonil vaso e o que ele sentia era felicidade tocá-lo.

Seria um dia conturbado... Seria um dia cheio de tarefas e, muitas delas, bastante complexas... mas, naquele momento o que importava era ele e seus pensamentos.

Um devaneio de sensações buscava a sanidade perdida a tempo. Era a conquista de um sorriso, era uma carta que chegava, era o cheiro do café que vinha da cozinha que faziam dele um ser vivo.

Ele deslizava as mãos pelos cabelos, seu corpo nu era resplandecente de luz, ele não procurava respostas naquele momento, ele apenas lembrava de seu amor e de sua vida ao seu lado.

Ele era grande e havia naquele instante resolvido todos os problemas do mundo. Ele tocou o sol e sentiu apenas o calor de um abraço. Ele chegou a lua e lá jantou à luz de velas. Ele buscou as nuvens e trouxe o manjar de sobremesa e, decidiu que poderia dormir naquela estrela do norte aquela noite.

Não há mais horas. Os minutos são insignificantes e as idéias não devem de ser platônicas pois elas são mais reais do que aquilo que vejo: ela são possíveis e ele sabia disso! Ele as sentia invadir seu corpo, cada centímetro do seu torno era tocado pelas mãos do desejo da felicidade.

Naquele dia, entre as brumas e a claridade do dia que já o despontava para o cotidiano. Ele decidiu que seria feliz e foi comprar as flores que tanto esperou alguém trazer a ele. Ele se tornou imortal posto que suas palavras são ditas e reditas até o fim dos dias e do tempo, pois o tempo curvou-se à sua fronte nua e, nunca mais ouve uma pessoa que duvidasse do grande poder do amor dele.

Ele se foi e se tornou estrela e brilha na eternamente dos sonhos dos apaixonados...

Comentários

andré maia disse…
Gostava de saber expressar por palavras aquilo que o teu texto me sugeriu, mas dou por mim incapaz até de as inventar!...

Felizmente existiu Marguerite Yourcenar e ela, sim, não teria dificuldade em fazê-lo: "...O fruto apenas cai chegada a hora, quando já o seu peso há muito o arrastava para a terra - não existe outra fatalidade para além deste amadurecimento íntimo. Apenas de maneira muito vaga me atrevo a dizer-vos o que vos digo: avançava, ia sem rumo; não foi culpa minha se, naquela manhã, encontrei a beleza..."

:)

Postagens mais visitadas deste blog

Cem

O Jardineiro da Perversão

Latente