Ao acordar
Para ver o sol neste dia nublado assumo as cortinas que embrenham o meu amanhecer. Mas já não é mais curto e longínquo o tintilar dos sinos. Chamam-me neste momento. As respostas, porém, continuam engavetadas e perdidas nas brumas do futuro. Restam-me as incertezas. De todo modo, fácil é olhar as cantigas de ontem e pensar que foram providenciais. Elas, em seu tenro e doce sabor, conclamam vitórias e derrotas. Sempre tão distantes... Distantes e irreais. Passado feito de penúria e retratos rasgados. Não me importam aqui. Restam-me as incertezas. O sol dedilha as volúpias dos bordados de desculpas e evidencia o meu corpo desnudo. Neste momento não há como escapar de mim mesmo frente ao espelho. Eu vejo-me! Todas as cores, entre os meus defeitos e os bons feitos, estão a me encarar calmamente. Restam-me as incertezas. Levanto-me! Pois já não há mais como remediar as malvadas peripécias da luz do sol. Os segundos seguintes vestem meu corpo com as armas imaginárias. Estou quase pronto. Bus